Paranoia pós-astreinte

Rubens Nóbrega

Depois da prisão do juiz, advogados e servidores públicos acusados de operar a fábrica de multas contra diversos bancos que fazem empréstimos consignados na Paraíba, bateu-me um receio que pode ser infundado, besteira mesmo, mas… Nunca é demais partilhar com o leitor o que a gente sente e pensa.

A questão é a seguinte: e se, a partir de agora, por medo de cair sob suspeição ou excesso de cautela, muitos julgadores de ações contra instituições financeiras começarem a mudar o entendimento (majoritário nos juizados especiais) que até aqui beneficia a parte mais fraca na relação cliente-banco?

Que é possível acontecer reversão do entendimento em um ou outro caso, não tenho dúvida. Mas o que temo mesmo é uma reação em cadeia, capaz até de mudar a jurisprudência, algo que os bancos adorariam, pois assim poderiam continuar cobrando mais à vontade custos indevidos sem chance de ressarcimento futuro.

Independentemente de ser ou não paranoia do colunista, tome cuidado: se fizer financiamento de qualquer tipo, verifique se não lhe estão cobrando taxas, tarifas, impostos e gravames não previstos no contrato ou diluídos nas parcelas cobradas já com juros extraordinariamente escorchantes.

Se perceber que foi enganado, não hesite em contratar um advogado para botar o banco na Justiça. Mas, por via das dúvidas, não deixe de acompanhar e se inteirar de cada etapa, despacho ou movimentação no processo. E, se houver alguma audiência, custa nada prestar atenção em como advogados e juízes se tratam.

Delação premiada?

Nó Cego, primo legítimo de Gosto Ruim, mandou-me provocação via i-meio nos seguintes termos:
– Considerando a boataria de que o juiz preso estaria disposto a ‘detonar geral’ e a jogar m… no ventilador, não seria o caso de oferecer a ele uma delação premiada?

Dorgival, o Grande

O texto adiante expõe admiração e respeito mútuos que se evidenciam na relação fraterna entre Francisco Barreto e Dorgival Terceiro Neto, inclusive na revelação de que o ex-governador votou no professor nas eleições municipais de João Pessoa em 1988 (vereador) e 2008 (prefeito).

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Caríssimo Rubens, faço com emoção uma sumária homenagem póstuma a esta incomparável figura humana que foi Dorgival Terceiro Neto. Estive com ele pela ultima vez há poucos dias, numa banca de revista na Epitácio Pessoa.

Ele caminhava feito um formidável D. Quixote, deixando por onde passava as marcas da dignidade, da ética e, sobretudo, da sua estatura moral, por ter sido sempre maior do que todos os cargos que exerceu em vida. Foi grande.

A Paraíba, seu povo, não tem a menor ideia da perda de Dorgival, primeiro e único. Dele, com o seu irretocável e incontido humor, tive o prazer de manter um irônico diálogo (1988) que faria inveja ao Barão de Itararé:

– Menino, você é candidato?

– Sou, Doutor Dorgival…

– Pois saiba que cachorro, soldado de polícia e vereador, só na pedra! Mas, em homenagem à sua avó, D. Carolina Lopes de Mendonça, que ensinou Taperoá a ler, vou votar em você. Agora, se boatar que eu votei em você, eu digo que é mentira…

Dorgival Terceiro Neto deu-me o mais importante e homenageado voto que já tive. E, em 2008, foi mais duro: “Você merece, mesmo sendo capaz, conseguiu não ser ladrão na política”.

Um dia desses, quando me for, quero encontrar Doutor Dorgival e dizer-lhe: “O senhor não morreu, encantou-se como acontece a qualquer entidade e ser superior. O senhor não podia ter deixado a Paraíba órfã. É uma lástima”.

Dorgival Terceiro Neto foi a expressão pública que todos os homens de bem gostariam de ser. Não há com dizer adeus a ele, apenas até breve.

A equipe de 1971

A coluna foi agraciada esta semana com preciosa colaboração do Professor Gilvandro Rodrigues mostrando os feitos administrativos e urbanísticos do Dorgival Terceiro Neto prefeito de João Pessoa (1971-74). Em complemento à homenagem publicada neste espaço, o mesmo Gilvandro enviou quarta-feira (17) a lembrança de alguns nomes – leiam adiante – que ajudaram aquele exemplar homem público a fazer uma das mais profícuas gestões de todos os tempos na PMJP.

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Rubens, ainda tocado por não termos mais o Doutor Dorgival Terceiro Neto entre nós, lembrei-me de pessoas da equipe de governo que mudou pra melhor a nossa cidade. Destaco Antônio Augusto de Almeida, o grande arquiteto do Cadastro Imobiliário e Plano Diretor, ao lado de Paulo José de Souto (Secretário de Planejamento), Luiz Alberto Moreira Coutinho (Secretário de Finanças), José Humberto de Carvalho e Silva (Secretário de Administração), além, é claro, de Severino Ramalho Leite (Secretário Assistente). Muita história para contar.