Raça em extinção

Rubens Nóbrega

Após a morte de Dorgival Terceiro Neto, sexta última, fiquei me perguntando quantos na Paraíba restariam daquela galeria onde, antigamente, gente já meio antiga feito eu costumava buscar referências positivas de homens públicos.

Por homem público entenda-se aquele que na vida pública ou na privada respeita verdadeiramente a res publica, dela não se locupleta, não tira proveito e, portanto, é dotado do real espírito público que o faz ser chamado merecidamente de republicano, no melhor sentido da palavra.

Mas Dorgival certamente torceria o nariz para elogios em geral e adjetivos de reverência em particular. Sempre foi o tipo de pessoa para quem seriedade, honestidade, probidade – coisas meio fora de moda por aqui, hoje em dia – deveriam ser qualidades naturais do ser humano.

Pois bem, não fosse pela escassez de verdadeiros homens públicos na Paraíba de agora, tenderia a concordar com ele.

Mas o descanso de Dorgival em quietude eterna me faz olhar em volta, prestar toda a atenção do mundo, puxar pela memória e forçar algumas lembranças para depois medir, pesar, peneirar, finalmente comparar e… Nada!

Concluo, então, que o retorno em definitivo de Dorgival ao seu Taperoá me joga de novo – e com força – nos braços da minha própria teoria que vê em homens dessa estirpe ou naipe exemplares de uma raça em extinção.

Nem mesmo o meu incorrigível otimismo de que a aventura humana na Terra um dia terá sucesso me devolve a esperança de acreditar no retorno da decência às governanças e representações políticas que nos restaram.

Sou vencido, enfim, pela quase certeza de que não há salvação para a espécie a que pertence Dorgival. Triste e desanimado, temo e tremo pelo mais que virá.

Aí, vejo risco de morte, até pela falta de exemplos, da própria noção de decoro e dignidade, ameaçada de deixar a vida contemporânea e entrar de vez para a história. Na mais perfeita tradução daquilo que o Brasil aprendeu desde a Carta Testamento de Getúlio.

No final de tudo, quando avulta em meu juízo a dimensão na qual me atrevi incursionar, em desespero saio à rua e feito doido, olhando para o infinito e além, imploro quase gritando:

– Pelo amor de Deus, Diógenes, empresta-me a tua lamparina!

Fulgêncio chegou chegando

No discurso com que inaugurou ontem a sua gestão na Secretaria de Saúde do município da Capital, Adalberto Fulgêncio transmitiu a mais nítida impressão de ter recebido carta branca do prefeito Luciano Cartaxo para administrar a pasta com total liberdade, tendo domínio absoluto de condução e ação.

De personalidade forte, reconhecida capacidade de trabalho e comprovado espírito de liderança, de outro modo Fulgêncio não teria trocado um cargo de direção no Ministério da Saúde, em Brasília, onde detinha plena confiança e apoio do ministro Padilha, por uma encenação em João Pessoa.

Pelo que andei auscultando, o cara chega com cacife tão alto que deve enquadrar ligeirinho até mesmo algum familiar do prefeito com atuação na Saúde que se tenha na conta de eminência parda da Secretaria. Com Fulgêncio deve ser assim, então: ou se alinha ou cai fora.

E Luciano, que não é besta, não deve chiar. Até para não repetir na Prefeitura o que Ricardo Coutinho conseguiu no Estado. Sem contar na equipe com quem mais queria ou precisava ter, o governador acaba se conformando em promover a titular esforçados secretários interinos.

Prefeito que atrasa não adianta

Deu o que falar, ontem, na posse de Fulgêncio. A concorridíssima solenidade no Paço Municipal atrasou uma hora contada de relógio. Porque o prefeito Luciano Cartaxo demorou chegar, apesar de se encontrar no mesmo prédio.

A impaciência de alguns logo provocou ácidos comentários de circunstantes mais críticos. Tipo: “Parece que baixou o ‘espírito’ de Maranhão no prefeito”.

Referiam-se ao ex-governador José Maranhão, que criou fama de se atrasar nos eventos públicos (dizem que de propósito, em alguns casos) só pra aumentar a importância da sua própria figura e o status de centro das atenções da vez.

Medicina a bordo de avião

O Doutor Eurípedes Mendonça fará palestra sobre ‘Medicina a bordo de avião’ no próximo dia 24, oito da noite, no Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB), em João Pessoa.

Trata-se de iniciativa da Academia Paraibana de Medicina, que para tanto promoverá reunião científico-cultural coordenada pelo acadêmico Antonio Carneiro Arnaud e secretariada pelo também acadêmico Ricardo Antonio Rosado Maia.

A entidade promotora informa ainda que a palestra será realizada no Plenário Genival Veloso de França do CRM, que ocupa o prédio de nº 1335 da Avenida Dom Pedro II, na Torre.