A pretensão X O lado esquerdo do peito

Gonçalo Pontes Júnior

O tempo vai passando e com ele a idade. Porém, há algo que com o passar do tempo vai se tornando o combustível humano do dia-a-dia: a pretensão!

Certo dia ouvi alguém dizer: “do lado esquerdo de seu peito existe uma fábrica chamada coração, que fabrica um sentimento chamado amor que quanto mais você dá, mas você tem para dar!

Pensando em uma coisa e na outra, faço uma indagação: será que é possível unir as duas situações?

Sem dúvida nenhuma que sim!

Vivemos a era da busca, da concretização do sonho, a geração que precisa cada vez mais de si.

O ponto nevrálgico é: como?

Inicio essa reflexão convidando você para lembrar comigo qual o órgão mais importante que temos em nosso corpo – o coração! Trata-se de um órgão tão importante que é comum se ouvir dizer que alguém já teve morte cerebral, mas o coração continua na luta para trazer a vida de volta. Ele insiste pela vida, apesar de tudo. Ele é o sensor humano, até mesmo quando propõe o sentimento do medo como se fosse um escudo para nos proteger. Imagine se não houvesse o medo no ser humano, podia-se, então, se fazer de tudo por tudo. Onde pararíamos?

Todavia, o coração tem sido, por nossa geração secundarizado. Uma pretensão, seja familiar, seja pessoal, ou seja, profissional, por vezes não se alberga mais nos valores originários do coração. Veja só:

Pessoalmente: não se deseja mais comprar algo para uma satisfação de ego, mas para se mostrar poder (isto vale para roupa, moradia, veículo, perfume, etc.).

Familiarmente: quantas discussões jurídicas acerca de herança, até a morte proposital de alguém se torna possível nessa discussão! Discute-se este tema até mesmo enquanto o ente ainda está vivo. As vezes me pergunto: será que há torcida pela morte de alguém que detém um forte aporte financeiro na família?

Profissionalmente: não há preço que limite a ascensão funcional. Não se quer saber quantos deverão cair para alguém subir a algum cargo! Até a humildade torna-se rara.

Diante desse quadro, pense comigo se não ficaria mais fácil agir com o coração?

Vamos de novo:

Pessoalmente: é a nossa existência, força interior, determinação, perseverança, que nos move. Com todas estas ferramentas, qual a dificuldade de, na busca de nossa pretensão, levar alguém conosco? Pelo menos incentivarmos alguém a também buscar a realização de sua pretensão? Parece que a cegueira humana toma conta da situação e esquecemos o mundo e as pessoas quando estamos na busca de algo – nos tornamos solitários. Por que será que fazemos tanta questão em dizer que o que temos é o melhor? E se for, por que propagar? Nesse instante incomodamos alguém? Qual é a real satisfação?

Familiarmente: o que significa ter nas veias o mesmo sangue de alguém? O que significa acordar sabendo que, se precisarmos de algum órgão humano, para continuarmos vivos é na nossa própria família que a busca, cientificamente, por este órgão se inicia?

Profissionalmente: o que é humildade? O que é mais prazeroso: ter torcedores no ambiente de trabalho ou ter pessoas que almejem a sua queda o tempo todo?

Gente, podemos conseguir as nossas pretensões sem deixar do lado o nosso coração, o nosso valor! Quantos seres humanos, quantos membros familiares, quantos profissionais, não são queridos, desejados, afetuosos ou referenciais?

Sabem qual o caminho? Voltar a sermos elogiados!

A nossa geração esqueceu-se disto.

Quando você foi elogiado pela última vez? Essa pergunta vale para as três situações que nos norteiam e que acima mencionei.

Busquemos voltar a ouvir como ser humano: como é bom saber que você existe!; como membro familiar: a primeira pessoa que lembro quando preciso de alguém é de você!; e como profissional: a sua presença, a sua alegria contagiante e a sua forma de trabalhar fazem a diferença em nosso meio!

Pense nisto e viva uma vida que vale a pena ser vivida.

Você merece o melhor.

Até a próxima!