Cássio articula duas vagas para PSDB na chapa

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Nonato Guedes

O senador Cássio Cunha Lima prepara-se para reivindicar duas vagas para o PSDB na chapa majoritária que disputará a eleição de 2014 pelo bloco governista: a de vice-governador e a de senador. Este é o teor da conversa que o parlamentar pretende ter, no momento oportuno, com o governador Ricardo Coutinho (PSB), que disputará a reeleição ao Palácio da Redenção e movimenta-se para garantir o apoio do agrupamento liderado por Cunha Lima. A inconfidência sobre o pleito das duas vagas teria sido feita por Cássio a interlocutores do seu grupo, sem que ele adiantasse, porém, nomes que serão colocados na mesa no diálogo com o atual chefe do Executivo.

A avaliação do senador é de que o pleito é justo diante da possibilidade do PSDB abrir mão de lançar candidatura própria ao governo do Estado. A cúpula nacional tem feito gestões junto a Cássio para que assuma uma candidatura, novamente, ao Palácio da Redenção, dentro da estratégia de ampliar os espaços da legenda em executivos regionais. Correligionários tucanos e outros adeptos de Cássio em partidos distintos reforçam o coro para que ele seja postulante ao cargo principal. Ele tem dito que entende como natural essa reação, observando que a candidatura própria é uma aspiração mais do que legítima de qualquer partido obstinado em conquistar o poder. “O estranho seria que o PSDB se abstivesse de cogitar a disputa à governança”, aduziu.

Isto não significa, porém, que Cássio vá aceitar o desafio. As interpretações sobre a relutância em ser candidato são divergentes. Uma corrente tucana acredita que Cássio não tem, ainda, segurança jurídica quanto à viabilidade de poder concorrer ao governo, face a dúvidas sobre o verdadeiro alcance da Lei da Ficha Limpa, que o afetou e bloqueou por onze meses sua ascensão ao mandato no Senado. Outra corrente avalia que Cunha Lima não tem razão nem interesse num confronto com Ricardo Coutinho porque, bem ou mal, está tendo pleitos atendidos na administração socialista, e aliados seus estão contemplados em cargos estratégicos. Pesa, ainda, nas ponderações do ex-governador, o reconhecimento ao direito legítimo de Ricardo Coutinho postular a reeleição, até para efeito de julgamento do seu governo. O próprio Cássio foi candidato à reeleição em 2006, sem problemas, tendo enfrentado já no final do mandato a sua grande frustração – a cassação de direitos políticos, temporariamente, diante do acatamento pela Justiça de recursos impetrados pela oposição sobre supostos abusos de poder à frente do governo, com fins eleitorais.

Líderes como o senador Cícero Lucena, interessado em garantir vaga para concorrer à reeleição, e o deputado Ruy Carneiro, presidente estadual do PSDB, que tem se projetado por posições ousadas assumidas na formulação de projetos na Câmara Federal, tentam sensibilizar Cássio a assumir a candidatura própria, o que favoreceria a legenda em outras instâncias de disputa em 2014. A direção nacional tucana é receptiva ao entendimento. O governador Ricardo Coutinho, admitindo o prestígio de Cássio, antecipou que ele será a primeira pessoa a ser ouvida sobre a formação da chapa majoritária, observando que se trata do seu maior aliado e que não há crise nenhuma no relacionamento entre ambos. Aliás, Cássio frisou, recentemente, que a oposição “lambe uma rapadura” para assistir ao rompimento entre ele e Ricardo, descartando, enfáticamente, a hipótese. Um ponto de consenso entre Cássio e Ricardo é o de que a discussão da chapa propriamente dita deve ficar para o próximo ano, tomando como base a correlação de forças políticas que está se desenhando no Estado. Em 2010, Cássio foi decisivo no resultado das eleições majoritárias.

Naquele ano, o senador Cícero Lucena percorria municípios do interior tentando angariar apoios para se viabilizar como candidato próprio ao governo pelo PSDB. No DEM, o então senador Efraim Morais fazia o mesmo itinerário. Os dois combinaram que quem estivesse melhor em pesquisas de opinião pública, no momento oportuno, seria ungido candidato ao Palácio da Redenção. Eis que Cunha Lima, ao retornar de uma temporada nos Estados Unidos, onde refletiu bastante e conspirou muito, por telefone, reuniu a tropa e comunicou que o candidato ideal para derrotar José Maranhão (PMDB) seria Ricardo Coutinho. Cícero manteve-se arredio na disputa, mas Efraim mergulhou de cabeça e ainda saiu candidato à reeleição ao Senado, não logrando êxito. Cássio conquistou uma das vagas senatoriais, com a maior votação registrada, mais de um milhão de sufrágios, e foi tido como o grande eleitor de Ricardo Coutinho, que agora corteja novamente o seu apoio, diante da possibilidade de ter que enfrentar o próprio Cássio no páreo.