Pedestres, skates e patins

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Rubens Nóbrega

Fiquei muito contente na quinta (11) ao ler nota do Ministério Público da Paraíba sobre termo de compromisso firmado com a Prefeitura de João Pessoa para fiscalizar e – imagino – inibir ou impedir “o trânsito indevido de skates, patinetes, patins, minimotos elétricas ou movidas a combustível e bicicletas nas praças e nas calçadas de toda a orla da Capital”.

A iniciativa atende a uma antiga reivindicação do colunista, mesmo que não tenha sido adotada com esse propósito nem os apelos feitos aqui tenham sido levados em conta pelas autoridades. De qualquer forma, o anúncio dá esperança de caminhadas mais tranquilas a pessoas de mais idade e de pais e mães de filhos menores, crianças ainda, com maior probabilidade de serem atropeladas por esqueitistas e assemelhados.

A nota do MPPB explica que o compromisso envolve a Promotoria de Defesa dos Direitos do Cidadão de um lado e do outro as Secretarias municipais de Infraestrutura (Seinfra), Desenvolvimento Urbano (Sedurb) e Mobilidade Urbana (Semob). A disposição das partes é de inicialmente tentar educar, mas, se não houver colaboração e compreensão dos ‘educandos’, muda a pancada do bombo. A ação passará a ser repressiva, avisa o Doutor Valberto Lira, Promotor do Cidadão.

Mais pistas de skate

Na matéria distribuída pelo MPPB consta ainda uma palavra do secretário de Infraestrutura do Município, Ronaldo Guerra, apelando aos jovens para que pratiquem esportes em locais apropriados. A esse respeito, se o Doutor me permite, lembro que precisamos de mais ‘locais apropriados’. Inclusive porque, até onde sei, só existem três pistas adequadas para a prática do skate: uma na Lagoa, outra na Praça da Paz (Bancários) e a terceira, mais moderna e mais completa, no Retão de Manaíra.

É pouco, muito pouco, para o tanto de bons esqueitistas que temos, alguns com potencial para disputar competições nacionais e internacionais. Daí por que me deixe sugerir, ainda, a construção de pelo menos mais seis pistas. Uma na divisa das praias do Bessa e de Manaíra, outra em algum imóvel desapropriável no Cabo Branco ou Tambaú e as demais em praças novas nos bairros mais afastados da orla e do centro.

Peço ainda, Senhor Prefeito, Senhor Secretário, que comecem a pensar também em construir ringues de patinação nos locais de maior presença de jovens com tais habilidades. Ringues públicos, acessíveis a todos os praticantes. Não vai consumir grande volume de dinheiro, é certo, mas o investimento é alto no incentivo à juventude sadia que hoje usa muito a calçadinha da orla para patinar porque, verdadeiramente, não tem muita ou quase nenhuma opção.

Aproveitando o embalo…

Peço pela enésima vez à Prefeitura que separe recursos e mobilize força de trabalho ou contrate empresa especializada para a recuperação das calçadas da cidade. Se não der pra refazer todas, pelo menos priorize as calçadas ruas do Centro, principalmente as do comércio e sítio histórico, da orla e dos grandes corredores viários. Ah, e se decidir fazer, que o faça com material de boa qualidade, de preferência dando ao piso alguma arte, com aspecto ou desenho capaz de fazer das nossas calçadas uma nova marca, um novo referencial da nossa gloriosa Aldeia das Acácias.

Vamos lá, Prefeito, não imite nem arremede seus antecessores, que assassinaram a golpes de omissão e indiferença a lei que criou o Estatuto do Pedestre de João Pessoa, letra morta desde a sua promulgação, em 2007. Mas taí um Estatuto que pode ser ressuscitado. Se houver, lógico, determinação política para garantir aos nossos concidadãos um caminhar digno, saudável, sem buracos nem obstáculos quebra-ossos.

Do Professor Menezes

Meio que profetizando esta coluna, recebi semana passada o texto que reproduzo adiante. O autor faz pertinentes observações sobre o assunto em foco e no final destila a sua mais fina ironia, no melhor estilo Potinho de Veneno.

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Meu caro, suas críticas aos procedimentos da Prefeitura da Capital, especialmente na orla, fizeram-me lembrar dos muitos protestos da sociedade e da nossa imprensa de então contra artigo de repórter da Folha de S. Paulo que criticou acidamente as muitas mazelas que constatou em nosso cartão postal maior – a praia.

Imagine o que aquela repórter escreveria nos dias de hoje se voltasse a nos visitar. Imagine também o tamanho da passividade dos que hoje fazem vista grossa aos problemas que persistem desde aqueles tempos – como o futebol e o frescobol à beira mar – e os atuais, como o estacionamento de carros junto à calçada da praia, cuja vista é assim escondida; a ciclovia, logo a seguir, que gera sérios perigos para quem procura a calçada, especialmente idosos e crianças, dada a velocidade com que os ciclistas transitam por essa via; e a transformação da própria calçada em pista de patinação.

Já em Manaíra, como não existe, ainda, uma ciclovia, os ciclistas se apossaram de parte da calçada, tornando-a ainda mais perigosa, pois exigem que pedestres cedam espaço a patins, skates e, agora, bicicletas. Bem, pra finalizar, digo que embora as reclamações se sucedam provavelmente a edilidade, parafraseando a Ministra Marta Suplicy, vai apenas nos mandar “descansar e chupar um picolé… De manga!”.