Rômulo enfrenta dilema para equilibrar posições

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Nonato Guedes

A urgência do PSD em definir uma posição no plano nacional sobre o apoio ou não ao governo da presidente Dilma Rousseff e sua candidatura à reeleição pelo Partido dos Trabalhadores cria um dilema para o vice-governador da Paraíba, Rômulo Gouveia, fundador da legenda presidida pelo ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Rômulo é vice do governador Ricardo Coutinho (PSB), que teoricamente apóia Dilma, podendo mudar de posição se for levada adiante a candidatura do governador de Pernambuco e presidente nacional do Partido Socialista, Eduardo Campos, ao Planalto. O vice-governador paraibano deixou clara a dificuldade de se posicionar na reunião de que participou com Kassab e outras lideranças da legenda, em Brasília.

Ele lembrou que na Paraíba o governador Ricardo Coutinho mantém parcerias com o governo federal, citando que ainda recentemente a presidente Dilma Rousseff esteve no Estado e conferiu aval a pleitos encaminhados pelo chefe do Executivo, tratando-o com cordialidade. A dificuldade de Rômulo se complica mais ainda pelo fato de que ele é ligado ao senador Cássio Cunha Lima (PSDB), que tem sido um crítico contundente do governo de Dilma e tem atuado intensamente no Congresso Nacional para validar reivindicações de interesse da Paraíba e do Nordeste, contrariando interesses do Planalto, a exemplo do que ocorreu no episódio da elevação do repasse do Fundo de Participação dos Estados. Cássio, que diz apoiar a reeleição de Coutinho a governador, sinalizou que pode vir a apoiar uma eventual candidatura de Rômulo ao Senado, como planeja o vice-governador.

Embora a cúpula nacional do PSD ainda não tenha fechado posição sobre temas polêmicas, a exemplo dos que foram mencionados, Rômulo sabe que terá de ser firme no momento em que for chamado à colação. Teoricamente, ele enfatizou, no encontro com os dirigentes nacionais do partido, que acompanha a decisão da maioria, independente do campo majoritário apoiar ou não o governo da presidente Dilma Rousseff e consequentemente a sua candidatura à reeleição. O vice-governador expôs a alguns interlocutores de confiança de que já aguardava o que chama de “hora da verdade”, observando que o PSD não poderia ficar, indefinidamente, em cima do muro. Concorda em que a definição vai se tornando imperiosa em virtude da precipitação do processo sucessório. Apesar de Dilma negar que esteja em pré-campanha para a reeleição, os seus mais contundentes adversários enxergam interesses eleitoreiros nas visitas que tem empreendido a Estados do Nordeste a pretexto de carrear benefícios para a região e determinar providências relacionadas ao problema da estiagem que afeta o semiárido.

Na condição de presidente estadual do PSD, Rômulo está sendo desafiado, também, a oxigenar o fortalecimento da agremiação no Estado, no que diz respeito ao lançamento de candidaturas competitivas à Câmara Federal e à Assembléia Legislativa, já que ele pretende concorrer ao Senado, abrindo mão da vice-governança para a composição entre o governador Ricardo e o PSDB do senador Cássio Cunha Lima. O vice-governador planeja convocar uma reunião com lideranças de expressão que o acompanham a fim de nortear estratégias que serão adotadas para o pleito do próximo ano. Ele admite que há um desconforto diante da relação intrincada com personagens que têm atitudes distintas na conjuntura paraibana. Mas assegura que, no momento oportuno, atuará com determinação, levando em conta o que for mais interessante para a agremiação quanto ao seu fortalecimento, que é a meta de qualquer legenda, como deixa claro em depoimento informal.
Gilberto Kassab defendeu, ontem, em Brasília, a aprovação de projeto de lei para impedir que novos partidos tenham acesso pleno ao dinheiro do Fundo Partidário e ao tempo na propaganda eleitoral de rádio e televisão, antes de disputarem uma eleição. A Câmara tentou aprovar urgência para a votação, mas não houve quorum. Kassab fundou o PSD em 2011 e conseguiu, na Justiça, garantir tempo de TV e repasses do Fundo Partidário proporcionais ao número de deputados federais que migraram para o partido. Ele advertiu que essa brecha pode ser utilizada por aventureiros, mas negou que esteja se referindo à ex-senadora Marina Silva, que tenta criar a “Rede de Sustentabilidade”. Afirmou que Marina “é uma pessoa séria” e respeita sua linha de conduta.