Gilvan Freire
O mundo viverá sem teu sorriso
e sem a tua vida de inocente.
E outras morrerão como tu
para que a crueldade humana sobreviva.
Mas aonde for mostrada a tua foto
e enquanto não for apagada a lembrança
do teu rostinho angelical e puro
(como as flores que brotam da mata virgem)
és tu que sobrevirás ao mal do mundo
e aos homens maus.
Porque tu geraste a dor e a indignação
e o choro coletivo dos milhões
que se apóiam em ti em defesa da vida.
Que pena, Fernandinha,
todos queriam te ver
buscar, perambular e te achar.
E a procura termina da forma mais doída
e destroçadora. E perversa.
Guardar a tua imagem
em meio a sensação de abandono
por parte de Deus
vira desesperança e desolação.
Mas ainda assim
lembrar de ti é recomeçar a busca
de um Deus perdido que parece morto.
É esse Deus que coloca no lugar dos desenganos
uma luz no túnel (tocha da conformação)
pela qual se vê no teu rostinho espelhado
a flor da mata virgem que só viveu
enquanto lhe foi permitido
Sabe, lindinha, foste muito amada.
E há um mar de lágrimas derramadas por ti.