Couto se dispõe a conversar com Cartaxo

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Nonato Guedes

O deputado federal Luiz Couto, do Partido dos Trabalhadores, emite sinais de que deseja uma reaproximação com o prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, seu companheiro de legenda. Salientou que, de sua parte, está pronto para um entendimento, mas adverte que há pessoas próximas a Cartaxo que dificultam o diálogo, principalmente na capital paraibana. Se dependesse do parlamentar federal, uma conversa entre ele e Luciano ocorreria em Brasília, onde Couto desenvolve atuação na Câmara e para onde o prefeito tem se deslocado, constantemente, a fim de participar de audiências com ministros e outros representantes do governo federal, viabilizando projetos de interesse do município.

Luiz Couto ficou isolado dentro do Partido dos Trabalhadores em face da posição ambígua que adotou na campanha eleitoral de 2012. Enquanto segmentos do partido na Paraíba acenavam com o lançamento de candidatura própria à sucessão de Luciano Agra, defendendo o argumento da retomada do protagonismo do PT no processo eleitoral na Paraíba, Couto ficou na contramão, defendendo a aliança com o PSB do governador Ricardo Coutinho em torno da candidatura de Estelizabel Bezerra, que é atual secretária de Comunicação Institucional do governo. O deputado chegou a ser seguido nessa posição por Antônio Barbosa, que presidia o diretório municipal na capital e por Júlio Rafael, superintendente do Sebrae. Barbosa recuou da sinalização por aliança com o PSB, declarou apoio a Cartaxo, tentou se eleger vereador sem êxito e acabou deixando de presidir o diretório municipal petista. Couto, no segundo turno, quando ficou desenhado o confronto entre Luciano Cartaxo e Cícero Lucena, emitiu uma declaração dizendo apoiar o candidato petista, mas não teve postura de engajamento mais direto, preferindo acompanhar algumas disputas em cidades do interior.

Ainda quando não havia sido eleito prefeito, Luciano Cartaxo tentou abrir canais de interlocução com Luiz Couto, dizendo respeitar a sua trajetória dentro do Partido dos Trabalhadores. O entendimento entre eles, porém, não avançou, nem mesmo quando a cúpula nacional do PT emprestou apoio irrestrito à candidatura de Cartaxo e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva veio a João Pessoa, no segundo turno, para prestigiar um comício no populoso bairro de Mangabeira. Couto, posteriormente, filiou-se a uma outra tendência surgida no PT, “Mensagem”, que prega o retorno do partido às suas origens, mediante articulação junto a movimentos sociais, sindicais e comunitários. Antes do impasse dentro do PT, o nome de Luiz Couto chegou a figurar como alternativa para disputar o Senado nas eleições do próximo ano, mas o distanciamento dele da corrente majoritária pró-retomada do protagonismo eleitoral petista travou uma composição interna. Luciano Cartaxo chegou a dizer que respeitava o momento de reflexão do parlamentar sobre a conjuntura política na Paraíba e que iria deixá-lo à vontade para tomar o posicionamento partidário no momento que julgasse conveniente.

Luiz Couto, que no final do ano passado foi premiado pelo site “Congresso Em Foco” como um dos parlamentares atuantes da legislatura, sobretudo devido ao seu trabalho em defesa dos direitos humanos e na denúncia dos grupos de extermínio, assistiu, em posição de desconforto, ao apoio de deputados estaduais como Frei Anastácio Ribeiro e Anísio Maia à candidatura de Cartaxo. A mesma posição foi tomada por Rodrigo Soares, presidente do diretório regional do Partido dos Trabalhadores no Estado. O projeto político de Luiz Couto para 2014 é uma incógnita. Em relação ao Senado, ganha força, internamente, o movimento para lançar Rodrigo Soares ao posto. Para a Câmara Federal, surge um nome que estava fora de qualquer cogitação: o de Lucélio Cartaxo, irmão gêmeo de Luciano e atual superintendente da CBTU. Há outras pretensões em gestação, o que atrapalha os espaços do parlamentar para se situar no contexto das eleições de 2014. Quanto ao encontro com Cartaxo, não há data marcada. Nem mesmo a primeira audiência do prefeito com o governador Ricardo Coutinho foi sequer agendada até agora, apesar da urgência das reivindicações.