Bruno Filho
Vivi intensamente o periodo mais preocupante que o mundo passou nos últimos 50 anos, no aspecto bélico. A chamada “Guerra Fria” que preocupava pais, professores, adultos que não sabiam exatamente como explicar a nós crianças o que realmente estava acontecendo. Não conseguiam e nem conseguiriam, pois na verdade não havia explicação paupável.
O tempo passou, o mundo e a humanidade evoluiram sob muitos aspectos e as coisas pareciam estar calmas. Houve queda de muro, final de regime, sanções impostas pelos maiores aos menores, 4 décadas de um pseudo-sossego até que as borbulhas voltaram a efervecer e de uma forma contundente para os moldes de vida de hoje em dia, aonde a liberdade de expressão impera o estamos globalizados.
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Quando interpelo o nome da guerra, quero na verdade saber se ela poderá ou não acontecer. Passamos anos assustados com o Oriente, voltando nossas atenções para Irã, de repente Iraque, algumas vezes para a Síria, Egito, Líbano e certamente Israel. Invasões a Afeganistão, caça a terroristas, guerrilhas prá lá e prá cá, que de uma forma ou de outra eram controladas.
Chegamos a transmitir guerras e conflitos ao vivo, com reporteres e apresentadores colocados em estúdios estrategicamente montados em edifícios que ficavam na rota dos “Tomarocks” e dos “Exocets”. Com o advento da TV à cabo, da CNN e de outras emissoras, passamos a encará-los como programas de horário marcado, como se fosse um filme de John Wayne, faroeste aonde sabiamos que no final ele levaria vantagem.
Desta vez estou preocupado. Esquecemos dos asiáticos, sempre mais frios e calculistas que os árabes. Sem temor, até pelas suas tradições kamikazes e acostumados a viver sob regime de pressão, seja lá qual for. Esta Coréia do Norte que já foi palco de guerras sangrentas continua com a mesma idéia de 60 anos atrás. Sua inimizade com os vizinhos do sul é sem propósito.
O mais preocupante: os coreanos perceberam que os EUA são mais “manchete do que notícia”. Sabe aquele garoto grande da escola que levou um chute nos fundilhos do pequenininho e começou a chorar ? é mais ou menos a mesma coisa. Os coreanos, e mais gente, chegaram a conclusão que o “bicho não é tão feio como se pinta”. Afinal…se Bin Laden e seus asseclas conseguiram jogar um avião contra o Pentágono…
Não vou desmerecer a força militar americana, mas será que dará tempo ? Como sabemos é um botão e mais nada, tudo pelos ares. Será que os homens são capazes como eram os do passado ? Temos um Kennedy, temos um Kruschev ? Nesta hora faz falta um Fidel Castro em forma para resolver o caso. Mais medo do que das armas, tenho dos homens que não estão preparados para isso.
Em resumo, saudades dos tempos de “Guerra Fria “, quando no dia de Guantânamo passei o maior medo de minha infancia…minha despreparada professora dispensou a classe toda e nos mandou para casa, informando que a Terceira Guerra Mundial havia começado. Não era verdade. Graças a Deus. Mas, agora poderá ser realmente o fim, até pelo despreparo dos dirigentes mundiais. As crianças de 50 anos atrás cresceram assustadas.
Bruno Filho,jornalista e radialista,uma das crianças citadas.
