Além da covardia, autoritarismo, espírito antidemocrático e outras aleivosias bolsonarianas, há mais por trás do pronunciamento esdrúxulo do cidadão que, por ora, e apenas por ora (TIC-TAC-TIC-TAC) ocupa o Palácio da Alvorada.
O dito cujo acredita que o não reconhecimento da derrota é um trunfo, carta na manga para manutenção de base aliada e alimentar chama da turba inflamada, além de outras garantias, incluindo aí evitar a prpópria prisão.
A questão é que o tal presidente esquece que é fácil manter inflada a horda que o segue como boi tangido ao pasto (sem qualquer metáfora na comparação, sendo literal mesmo).
Agora manter aliados “sem a caneta” é “ôto patamar”!
Bolsonaro vai se deparar pela primeira vez em três décadas sem um mandato a cumprir, cargos a ocupar, poder a emanar.
E pior, após ter o mandato mais poderoso, influência mais consolidada e interesses mais abrangentes.
A legião de seguidores robotizados permanecerá ainda disposta a seguir os comandos incendiários do Mito, mas sem a máquina para fazer girar o movimento caótico, nem cúpula para dar eco aos brados insanos, isso ressoará até quandoAs necessidades de amparo, abrigo dos correligionários e dele próprio são bem mais extensas do que quando era um mero oficial organizador de motins, ou parlamentar que falava para uma claque de rebeldes sem causa.
“Ah, mas os filhos tem mandatos”.
Gabinetes parlamentares não abarcam a força que ele pretende manter.
Sua ascendência permanecerá em um núcleo duro, radical, mas tende a reduzir em um espectro mais amplo, que embarcou no lema “Deus acima de tudo, Brasil, acima de todos”, onda antipetismo, ameaça comunista, “melhor qualquer coisa que a esquerda”, conservadores em geral contra o mal maior e todo blá, blá, blá raso que varreu o país.
Aquele grupo da tradicional família brasileira que teme mexerem na sua fortuna de um dígito e meio, invasão a sua casa do outro lado da pista da praia, até dividir sua moradia com uma família socialista (sério também tem essa teoria).
Esse regular direitista brasileiro se realinhará a alguma força convencional, ou simplesmente, democrática, se é que a direita brasileira é capaz de produzir isso, ainda…
Sem falar no sistema financeiro nacional, mega empresários, sedentos por reformas trabalhistas, arrocho salarial, exploração da mão de obra…
Vão fomentar instabilidade, protestos diversos, bloqueio de escoamento e circulação de mercadorias com barricadas dos órfãos teleguiados bolsonaristas até quando?
E nem preciso falar da positiva, otimista reação internacional a vitória de Lula.
Líderes de todo o mundo das mais diversas matizes e bandeiras ideológicas correram para congratular o ex-futuro-presidente…
Como esta mente doentia, conspiratória, esquizofrênica vai lidar sem o apoio irrestrito dos “leais aliados de todos os tempos do último mandato”? Aquele bloco do centrão, que, invariavelmente, se dispersará, mudará de rota, aportará logo mais na Nau petista??
Mais, como o perturbado senso persecutório e perseguidor de Bolsonaro tranquilizará a cabeça a noite no travesseiro sem foro privilegiado?
Rei morto, rei posto. Esta é a lógica do sistema político brasileiro para um terço, talvez metade do Congresso.
O Republicanos, novo gigante do Centrão nacional, já acena com migração em bloco. Partido ligado a nada menos que a Igreja Universal, reduto evangélico, braço forte do Bolsonarismo.
O próprio Ciro Nogueira, líder do PP, ministro da Casa Civil do governo Bolsonaro, a quem já chamou outrora de facista, deu o sinal claro, para qualquer bom entendedor.
Se Bolsonaro em seu pronunciamento oco, medíocre como o soi, nem mencionou Lula, PT, derrota, transição…
Ciro, constrangedoramente a nós, assumindo o microfone após o pronunciamento de Bolsonaro, chamou Lula de presidente.
Poderia falar presidente eleito, futuro presidente, coisa que o valha.
Para bom entendedor…
O bolsonarismo resistirá, mas Bolsonaro será uma ilha cada vez mais isolada pelo sistema que o alimenta e ele finge combater.
Fonte: Por Marcos Thomaz
Créditos: Por Marcos Thomaz