Servidores da Polícia Federal de Goiás foram acusados pelo Ministério Público Eleitoral de terem se recusado a cumprir diligências em casos de ação promocional da ‘picanha mito’ a R$ 22 e anúncio em jornal de uma caminhonete a R$ 222.222,22. De acordo com O Globo, as diligências resultariam na prisão em flagrante de empresários bolsonaristas suspeitos de crimes eleitorais, como propaganda irregular, boca de urna e aliciamento de eleitores.
Devido à suposta omissão, a Procuradoria Regional Eleitoral do estado enviou uma representação à Corregedoria da PF em Brasília para apurar a possível infração funcional por parte dos policiais envolvidos.
Em nota ao jornal carioca, a Superintendência da PF em Goiás informou que recebeu os pedidos de investigação da Procuradoria e realizou diligências. “Uma vez que a investigação esteja em curso, neste momento, ficamos impossibilitados de fornecer pormenores e ou detalhes sobres os referidos expedientes”, justificou ao deixar de comentar a acusação aos agentes.
O primeiro caso que se tem conhecimento ocorreu no dia 2 de outubro, ainda no primeiro turno. Um frigorífico realizou a promoção “picanha mito” para os eleitores do candidato Jair Bolsonaro (PL). A loja vendeu a peça da carne por R$ 22 o quilo para os clientes vestidos com a camisa da Seleção Brasileira. O valor era uma referência ao número do candidato à reeleição nas urnas. As peças da carne são comercializadas normalmente por R$ 129,90.
Na ocasião, os procuradores solicitaram duas vezes, no mesmo dia, para que a PF fosse até o local para coibir suspeita de crime eleitoral, já que a promoção poderia ser classificada como boca de urna. Segundo a reportagem, a PF afirmou que não detectou nenhuma irregularidade. No entanto, a equipe da Procuradoria constatou que a promoção continuava sendo feita de forma irregular e, por isso, a PF foi acionada mais uma vez, mas para prender em flagrante os responsáveis pelo frigorífico.
Segundo o relato enviado à Corregedoria, uma equipe da PF de Goiás foi até a sede da PRE para tentar convencer os procuradores a desistir das prisões em flagrante. “Um dos policiais federais começou a tentar ‘dissuadir’ os outros policiais federais e os membros do MPE da medida de persecução penal em comento. De forma emocional, ultrajante e insistente, levantou diversos argumentos estranhos à lei penal (tais como: diligência geraria desemprego, ´porque a empresa iria fechar; o frigorífico estava no livre exercício da atividade comercial; estava havendo politização dos procuradores do MPE etc’.) para não realizar a diligência, inclusive a prisão dos envolvidos em flagrante delito”.
O MPE reiterou a necessidade da equipe comparecer até o frigorífico, já eram 15h, e a ação promocional havia acabado, o que impediu ‘que a prisão em flagrante.
Segundo caso
No último sábado, segundo a reportagem do jornal, a PR foi solicitada mais uma vez pela Procuradoria. Desta vez, para a abertura de inquérito a fim de apurar crimes eleitorais em uma ação publicitária das concessionárias Navesa e Ciaasa. Ambas anunciavam veículos da marca Ranger pelo valor de R$ 222.222,22. Novamente, a PF informou não ter constatado a veiculação da promoção.
Diante da suspeita, a Procuradoria determinou a realização de uma diligência pela própria equipe do Ministério Público Eleitoral para verificar se a versão dos agentes estava correta.
“Novamente, fomos surpreendidos por fotografias da sede da aludida empresa em Goiânia, onde diversas caminhonetas Ranger apresentavam ostensivamente o valor de oferta de compra da ordem de ‘222.222,22’. E, de novo, não se teve notícia da realização da prisão em flagrante dos responsáveis”, afirmou a Procuradoria.
O relatório da Procuradoria aponta que o caso do frigorífico é mais grave por ter ocorrido no dia da eleição. Já as concessionárias poderiam ser enquadradas no crime que proíbe a utilização de estabelecimento comercial para propaganda e aliciamento de eleitores.
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: G1