A conversa chega à cozinha

Marcos Tavares

O emprego doméstico no Brasil vive seus últimos dias. O projeto em votação no Congresso que estende aos trabalhadores familiares todas as garantias e vantagens do empregado comum deve ser um duro golpe na antiga prática nacional de uma empregada para cada família. Herdada dos tempos coloniais, institui-se no país a plena utilização do trabalho de domésticas que em tempos idos ia até a amamentação dos filhos da patroa que não queria macular os seios. Essa relação patriarcal e totalmente informal agora segue leis que endurecem o convívio.

Segundo o IBGE, o brasileiro deserta a olhos vistos do trabalho doméstico. Apenas 6,6% da população exerce hoje essa atividade e essa maior procura com baixa oferta onerou os salários, tanto que a categoria teve um aumento de 11% em um ano, o que poucos conseguiram. Com a inclusão de todas as regalias previstas na CLT, a empregada doméstica ficará inviável para a maioria da população brasileira.
As donas de casa já migram para as diaristas, isentas de vínculo que cobram por dia ou hora. Sem nenhuma relação familiar ou afetiva entram e saem na hora certa, recebem seus salários e pagam sua própria despesa. Isso quebra o elo que costumava incorporar antigas empregadas à cena familiar, muitas vezes passando de geração a geração, um costume bem arraigado na burguesia brasileira do século dezenove que passou incólume pelo século vinte, mas não resistiu à modernidade e demandas do século vinte e um.

Filho de peixe

Vamos ser menos cínicos. Não adianta querer despejar em cima do filho do deputado Anísio Maia toda a culpa pelo e-mail que convoca vereadores para o uso político na distribuição dos peixes da Conab pela Prefeitura da capital.

É preciso ser muito ingênuo – ou matreiro – para acreditar que isso tenha partido de sua cabeça. Claro que a ordem veio carimbada lá de cima para fazer desse peixe um milagre de votos mesmo que sejam comprados com o dinheiro público.

Mas como na Semana Santa temos o hábito de crucificar alguém, sobrou para o chefe de gabinete toda a responsabilidade de um ato de deslavada politicagem.

Discutir

Vejo, abismado, que a nossa briosa presidente Dilma Rousseff vai “discutir” com os governadores do Nordeste o problema da seca no próximo dia dois em Fortaleza.

Ora, minha senhora, o que há para discutir? Essa discussão começou com Dom Pedro II e até agora nenhuma providência efetiva foi tomada.

Dilma está mais interessada em minar Eduardo Campos no Nordeste do que em realmente achar soluções para nossa seca.

Devagar

Parte da orla do Bessa pertence a uma família que escudada na defesa das tartarugas não permite a urbanização da área.

Nossa brava Prefeitura, que destruiu a pista do Aeroclube, não tem peito para enfrentar esses falsos ecologistas.

Perdida

O Sindifisco perdeu o primeiro round na sua batalha contra o Governo.

O STF não acatou a inconstitucionalidade do bolsa desempenho que premia quem trabalhar mais.

Cartorial

Parece que nossa Justiça só funciona com um incentivo externo. O CNJ deu noventa dias para realização de concursos para preenchimento de vagas em cartórios.

Até agora, os cartórios eram como a sífilis, hereditários.

Pagando o Pacto

Ricardo lança nova etapa do Pacto Social firmado entre o Estado e Municípios.

Tudo muito bom. Só que o dinheiro do primeiro pacto ainda não saiu. E aí? Quem paga o pacto?

Tsunami

A nossa Câmara Municipal vai rever concessões de transportes coletivos, coleta de lixo e outros penduricalhos.

Aconselho o uso de máscaras antigás, pois a coisa vai feder.

Cracolândia

O colunista Abelardo Jurema já detectou com seu apurado faro para os problemas da cidade.

A orla de Tambaú, na sua faixa mais nobre, transforma-se numa zona de prostituição e numa cracolândia. Na frente de todos.

Frases…

Invejando – Notícia ruim dá manchete. Notícia boa dá inveja.

Os Filhos – Prostitutas não usam anticoncepcionais. Basta ver o número de filhos delas por aí.

Censura – Se for permitido, é chato ou sem sabor.