Agra pode ganhar um bilhete premiado

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Nonato Guedes

A chance do ex-prefeito de João Pessoa, Luciano Agra, ganhar um bilhete premiado na carreira política, pode estar batendo à sua porta. Com o sinal verde da cúpula nacional do Partido dos Trabalhadores para que o PT paraibano apresente candidato próprio ao governo em 2014, Agra surge aparentemente como pule de dez, depois de tornar pública a sua filiação à legenda. Ele ficou sem partido desde que rompeu com o esquema do governador Ricardo Coutinho, após se julgar preterido no processo para indicação do seu nome como alternativa à reeleição a prefeito da capital. Posteriormente, bateu chapa contra Estelizabel Bezerra e foi vencido pelo rolo compressor montado pelo governador Ricardo Coutinho, que ainda conseguiu levar a sua postulante para a terceira colocação no páreo eleitoral pessoense.

Agra ainda terá um longo caminho a percorrer até a hipótese de ser sagrado candidato petista ao governo do Estado. Um dos desafios, por exemplo, é o de sensibilizar lideranças influentes do Partido dos Trabalhadores, que consideram que ele ainda não encarna o perfil ideal para representar a legenda numa disputa majoritária de fôlego, concorrendo contra o governador Ricardo Coutinho, que postulará a reeleição. “O PT costuma ser muito rigoroso ou criterioso na seleção de nomes para representá-lo em disputas importantes, e qualquer pretendente tem quem atender a uma série de requisitos para fazer jus à indicação”, observou uma fonte, que não aposta fichas numa provável escolha do ex-prefeito para candidato ao Palácio da Redenção. Ainda segundo essa fonte, o único cacife que Agra exibe foi o fato de ter rompido com o governador e, desta forma, contribuído para dificultar a situação do esquema oficial na disputa de 2012.

O informante ressalta que não se pode esquecer a luta renhida do próprio Luciano Cartaxo para se viabilizar como candidato próprio dentro da agremiação, enfrentando a oposição de expoentes como o deputado federal Luiz Couto e o superintendente do Sebrae, Júlio Rafael, partidários da composição com o esquema do governador Ricardo Coutinho. Na análise feita pelo informante, Agra se aproveitou de um momento de indefinição no cenário e decidiu, por instâncias do jornalista Nonato Bandeira (PPS) e influências no círculo doméstico, partir para o apoio a Luciano Cartaxo. “Ele estava sem fichas no jogo, uma vez que Nonato Bandeira não pontuava de forma expressiva nas pesquisas. E a alternativa foi se compor com Cartaxo, que já montava uma estrutura que atraía a atenção do próprio Palácio do Planalto. João Pessoa chegou a ser colocada como uma das capitais onde o PT teria chances de vencer, e acabou sendo a única capital do Nordeste onde a agremiação realmente saiu vitoriosa”, acrescenta o informante.

Nas análises internas, desde o pós-eleitoral, é consenso que Agra foi decisivo para neutralizar a influência de Ricardo Coutinho, valendo-se do residual de votos que possivelmente teria se fosse candidato à reeleição. Mas nunca se deixa de ressaltar a combatividade mostrada pelo próprio Cartaxo, no sentido de aglutinar inicialmente os próprios petistas e, posteriormente, compor-se com outras forças interessadas em apoiá-lo. De qualquer forma, o resultado que favoreceu Cartaxo é tido como fruto de uma bola bem dividida entre o petista e seus aliados e o esquema de Luciano Agra-Nonato Bandeira, fundamental para subsidiar um discurso mais ofensivo contra a candidata do esquema oficial e, também, contra adversários como José Maranhão e Cícero Lucena. Um dos entusiastas da provável candidatura de Agra a governador é o presidente do diretório regional do PT, Rodrigo Soares, que se ofereceu, inclusive, para conversar com ele no sentido de acelerar o processo de filiação às hostes da legenda a que a presidente Dilma Rousseff é filiada. O que parece certo, em paralelo, é que a absorção dessa candidatura vai demandar profundas conversações no seio do Partido dos Trabalhadores da Paraíba, não se descartando o surgimento de outras opções e disponibilizando-se outras vagas de disputa política para Luciano Agra. “O jogo está apenas começando”, resumiu o informante do “RepórterPB”.