Palácio já esperava a adesão de Dunga

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Nonato Guedes

Interlocutores do governador Ricardo Coutinho (PSB) afirmam que ele encarou com naturalidade a decisão do recém-empossado deputado estadual Carlos Dunga, do PTB. Em seu primeiro discurso na tribuna da Assembléia, depois de vencer uma queda de braço judicial e se investir no mandato, favorecido por retotalização de votos do Tribunal Regional Eleitoral, Dunga sugeriu ao líder governista Hervázio Bezerra que marcasse uma audiência sua com o governador, para encaminhar pleitos de interesse dos produtores rurais. Ressaltou que, dependendo do tratamento do governador, poderia tornar-se ou não um aliado do bloco oficial. Hervázio cuidou logo de providenciar o encontro, que se realizou, ontem, no Palácio da Redenção.

Dunga encaminhou pleitos relacionados ao problema da estiagem e pediu empenho para a conclusão da última etapa da adutora de Assunção, no sertão paraibano. Ouviu do chefe do Executivo que a obra está em fase de conclusão e será colocada em funcionamento o mais rápido possível, tal como ocorreu com os trechos da adutora de Salgadinho. O parlamentar cobrou a restauração da estrada ligando Boqueirão a Queimadas e Cabaceiras, sendo inteirado de que a licitação foi concluída e que o governante expedirá a ordem de serviços nas próximas semanas. “Esta é uma obra que representa muito para mim e para o povo desses três municípios”, justificou Carlos Dunga.

O parlamentar havia dito, na estréia, que a Assembléia Legislativa, à qual pertencera em outras legislaturas, chegando a ocupar sua presidência, não comportava posições dúbias dos seus integrantes e salientou que o seu próprio eleitorado esperava da parte dele uma atitude afirmativa e de coerência. Dunga esteve junto com Ricardo Coutinho na campanha eleitoral de 2010. O chefe do Executivo disse que era importante que ele continuasse marchando ao lado do governo. “Confio em Ricardo Coutinho e darei apoio à sua administração”, enfatizou Carlos Dunga, saindo do muro em que até então se encontrava. Na verdade, o que pesou no posicionamento de Carlos Dunga foi a mediação do senador Cássio Cunha Lima, a quem ele acompanha politicamente. Cássio ponderou ao parlamentar estadual que seria importante que ele permanecesse no bloco que saiu vitorioso em 2010.

Dunga foi presidente da Assembléia Legislativa, chegou a assumir por seis horas o mandato de governador, por ocasião do interregno da passagem de cargo de Tarcísio Burity para Ronaldo Cunha Lima, em 1991 e exerceu mandato de deputado federal. Em 94, quando o ex-governador Ronaldo Cunha Lima estava filiado ao PMDB, Dunga teve apoio do “clã” campinense para ser indicado vice na chapa encabeçada por Antônio Mariz, que saiu vitoriosa contra Lúcia Braga. Mariz, por razões pessoais e acatando pedidos de dirigentes do PMDB como o falecido senador Humberto Lucena, preferiu convidar José Maranhão, então deputado federal, a ser o seu vice. Maranhão assumiu com a morte de Mariz e foi reeleito em 98, concorrendo contra Gilvan Freire. Ontem, Ricardo Coutinho comentou que Dunga é um parlamentar experiente, preparado, e será importante para fortalecer a base na Assembléia Legislativa.