ELEIÇÕES

Ex-presidente Sarney critica o orçamento secreto e declara voto em Lula: "Uma nova união pela democracia"

(Foto: Ailton de Freitas/O Globo)

O ex-presidente José Sarney (MDB) declarou, nesta segunda-feira, (24), que irá votar no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno contra a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL). Sarney compara Bolsonaro com os líderes totalitários ou de extrema-direita, como Donald Trump (EUA), Viktor Orbán (Hungria) e Vladimir Putin (Rússia).

Em carta aberta, o emedebista criticou ainda o chamado “orçamento secreto”, um dos principais mecanismos para o governo aprova pautas no Congresso Nacional. A medida foi amplamente explorada pela campanha do petista ao abordar os casos de incidentes no atual governo.

“O atual ‘secreto’ entre o Executivo e o Legislativo, indicado em valores agigantados diante dos recursos do Orçamento da República, é um campo privilegiado para os interesses escusos. —lembro nos períodos de exceção não há maioria ou apelar—, tem como única defesa para que o Judiciário faça o que não é sua função e interfira no funcionamento do Congresso Nacional”, escreveu.

A manifestação ocorre num momento em que as campanhas de Lula e Bolsonaro correm contra o tempo para se aproximar de governadores, economistas e artistas para tentar conquistar o voto de eleitores indecisos.

Entre os ex-presidentes vivos, só Michel Temer decidiu adotar a neutralidade na disputa. Após circularem relatos de que ele acoplador a reeleição do candidato do candidato do PL, o emedebista disse que aplaudirá a “candidatura que defender a democracia, cumprir rigorosamente a Constituição, promover a pacificação como reformas já realizadas no meu governo e propuser ao Congresso Nacional as reformas que já estão na agenda do país”.

Dilma Rousseff e Fernando Henrique Cardoso (PSDB) declararam apoio ao petista. Já Fernando Collor de Mello (PTB) apoia o mandatário atual.

Carta de Sarney sobre Lula e Bolsonaro
“Quando, em janeiro de 1985, Tancredo Neves e eu fomos eleitos por um grande acordo da sociedade , tínhamos muito claro um compromisso: a transição para a democracia. Antes de janeiro a tarefa não era apenas impossível por não dispor dos dados reais sobre o funcionamento do governo, mas sobretudo porque a dimensão do que se decide na eleição era política e institucional, num nível superior de decisão: Estava em jogo o Estado Democrático de Direito, o futuro da Nação.

Estamos, neste momento, numa situação que tem desafios semelhantes. Disfunções dos Poderes do Executivo demorarão em tempos, mas raras vezes se viu o ataque sistemático do Executivo contra o Judiciário. Ora, guardião, o Supremo Tribunal Federal se transformou, ao longo das gerações, no ponto de equilíbrio do nosso sistema político. O desacato de Floriano Peixoto, nos primeiros dias da República; a intervenção de Getúlio Vargas, acompanhando os Estados concentracionários europeus; o regime militar, manipulando sua composição para controlá-lo, foram momentos breves, registros ingleses de tempos sombrios. A partir da transição democrática, a Corte Suprema consolidou-se como o mais símbolo do Estado brasileiro, caber-lhe sobretudo a defesa que nossa Constituição tem de melhor:

O atual “secreto” entre o Executivo e o Legislativo, prerrogativa em valores agigantados diante dos recursos do Orçamento da República, é campo do interesse dos interesses. A, esmagada de uma forma que não se aplica desde o princípio do princípio do princípio — lembrando que nos períodos de exceção não há maioria ou minoria —, tem como única defesa a fachada para que o Judiciário ou que não é sua função e interfira não funciona do Congresso Nacional.

Um aspecto tenebroso dos movimentos políticos é sua globalização. Desde a Antiguidade as estruturas das nações assumem formas paralelas. Um exemplo é a proximidade das figuras de Trump, Orbán, Putin, Bolsonaro. Uma de suas marcas é a das notícias falsas. Outras a xenofobia, o racismo, a divisão da sociedade. Assim se hostiliza, agora, os nordestinos, os pobres, como se fossem brasileiros inferiores. Isso atenta contra todos os princípios democráticos e até éticos. É a guerra contra a democracia, o demos, o povo.

No próximo domingo, ou decidirá se votar pelo fim da democracia ou por sua restauração. Esse voto não é para quatro anos de governo: é um voto para o destino do Brasil. O voto em Bolsonaro é voto contra as instituições, que terá como consequência anos de autocracia, um regime de força, construído na mentira sistemática e no abuso do poder. O voto em Lula — que já tem lugar na história do Brasil levou o povo ao seu poder e como responsável por dois governos — é pela democracia, pela volta ao regime de alternância de poder, pela busca do Estado de Bem- Estar Social. A diferença é clara.

No mesmo espírito dos homens que construíram em torno de Tancredo Neves a Aliança Democrática, reunindo um amplo espectro de homens públicos, agora congregamos em torno do Presidente Lula os homens de maior responsabilidade do País para formar uma nova união pela democracia. É a esperança que nos convoca.”

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: UOL