A carta

Francisco Valaelson

Olá, meu nome é Francisco Vilaelson Ferreira, tenho 37 anos, e é com o coração cheio de esperança que recorro ao BLOG POLEMICA PARAÍBA de Gutemberg Caroso, para que possam me ajudar. Já bati em várias portas e vocês são minha última esperança; moro em uma pequena casa em São José de Piranhas, interior da Paraíba e gostaria de contar para vocês a minha triste história: A minha história de sofrimento já começa no meu nascimento; meus pais eram muito pobres e moravam na zona rural deste mesmo município, minha mãe estava grávida de mim e já sentia fortes dores e como não avia condições de fazer o meu parto no sítio, ela veio montada – em um animal – com o meu pai para cidade, que ficava a 18 km de distância. Imaginem o sofrimento dela, tendo que andar montada e sentindo fortes dores, ao chegar à cidade não havia médico, apenas um enfermeiro. Meu pai pediu ao enfermeiro que atendesse minha mãe, pois ela já estava nas últimas – tamanho era seu sofrimento, ele disse que não teria como atendê-la pois estava de saída para uma cidade vizinha.

Minha mãe pediu por tudo no mundo que não a deixa-se morrer e perder o seu filho, ela disse “pelo leite que o senhor mamou na sua mãe não deixe meu filho morrer”, só assim ele resolveu fazer o parto. Só que como o meu parto era complicado, devido a uma puxada de mau jeito acabou deslocando os nervos raquidianos da minha coluna e eu acabei ficando paraplégico .

Assim desde meu nascimento nuca andei, sempre me arrastava pelo chão e me apoiava pelas paredes.
Quando ainda criança meu pai me comprou um par de moletas, e eu na minha inocência perguntei a ele se faltava muito pra que eu pudesse andar como os meus outros irmãozinhos, ele sem saber o que responder ficou calado, me abraçou e começou cair lágrimas dos seus olhos. Foi difícil saber que eu jamais poderia andar, mas eu não desistiria, a minha esperança era maior do que tudo.

Aos 27 anos juntei um dinheiro que tinha mais uma ajuda política que somaram R$ 600,00(seiscentos reais) e comprei um triciclo, era uma mobiilete velha adaptada, mas, mesmo assim estava feliz, pois agora poderia me livrar das moletas e poderia andar pra onde eu quisesse. A moto apresentava problemas de mais e o motor era muito comprometido e por ser ingênuo os mecânicos cobravam altos valores de conserto, mais nada resolviam; como eu não tinha garagem pedi que guardassem na oficina, acabaram tirando varias peças do motor, dessa forma vi aos poucos meu sonho desmoronar; fiquei arrasado, desiludido, mas não desisti. Alguns anos depois juntei uma pequena quantia em dinheiro do meu benefício e fui para João pessoa fazer alguns exames, pra saber se tinha condições de andar um dia, para minha surpresa o médico disse que haveria alguma possibilidade sim, só que o tratamento era muito caro, e só poderia ser feito na cidade de São Paulo.