Nem direito, nem humano

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Marcos Tavares

Estranho esse país dos papagaios e do pau–brasil. Tão estranho, que merece os humoristas que tem e toda a chacota a que é sujeito. Por que cargas d’água escolher logo o deputado Marco Feliciano para presidir a Comissão de Direitos Humanos? Uma comissão que, se não tem força política, tem uma visibilidade internacional, principalmente por sermos um país onde esses problemas estão todos por resolver. Matamos índios, homossexuais, mulheres, sindicalistas, e temos a maior impunidade desse planeta, como bem poderia comprovar o meu colega de profissão Pimenta Neves.

Pois bem. Escolhem para presidir uma comissão melindrosa como essa o mais reacionário dos parlamentares. Será que não haveria no âmbito da Câmara alguém menos xenófobo, menos preconceituoso, menos impregnado do xiitismo religioso? Acredito que encontrariam alguém que não considera negro endemoniado, que tem horror a gays e simpatizantes, que condena ao inferno todos que não rezarem pelo seu livro. Mas a nossa Câmara maior escolhe logo Feliciano, esse “vade mecum” do preconceito, essa antologia de burrices.

Agora, em nome da legitimidade e da autonomia legislativa, fica mais difícil desapegar o homem do posto, até porque ele mesmo não tem o bom senso de abandonar o cargo, sair da incômoda posição de vidraça que pode até lhe custar a reeleição. Criado o problema, pautado o caso pela imprensa, assanhados os defensores dos direitos humanos, está montado o quadro ideal para maior desgaste de políticos e de suas instituições.

Cara Feia

Depois querem que alguém leve nossa segurança a sério. O portal da revista Veja traz dicas fornecidas pela Secretaria de Segurança da Paraíba ensinando que as mulheres façam “cara feia” ao saírem de bancos ou passarem por locais esquisitos, além de falarem em voz alta consigo mesmas.

Contrariando Vinicius, que dizia que a beleza é fundamental, a nossa briosa segurança investe na cara feia ou em conselhos mais estapafúrdios, como levar uma bolsa com quinquilharias para ser roubada.
A Secretaria tirou o site do ar depois de virar piada nacional.

Discriminando

Teoricamente, a proposta do deputado Ruy Carneiro impedindo restrições e censura nos concursos públicos é boa, mas ela deve ser bem analisada.

No caso paraibano, do candidato tatuado impedido de entrar na Polícia por chocar-se com o edital, o Estado tem razão.

Não dá pra se montar uma força com policiais tatuados, usando brincos ou badaloques, o que de cara seria desrespeitoso para a população a quem eles prestam serviços.

Já o teste da virgindade, esse só para concursos de santas.

Fechamento

Prefeito Luciano Cartaxo anuncia fechamento ao tráfego do anel interno da Lagoa. Não se sabe por onde ele pretende fazer transitar os carros que ocupam aquele espaço.

É bom lembrar que a Lagoa já enterrou alguns prefeitos…

Demora

Uma prova da lentidão da nossa Justiça, sejam quais forem os motivos que as causaram. Raimundo Asfora morreu em 1987, e os que estavam sendo acusados pela sua morte foram julgados e absolvidos ontem, abril de 2013.

Fora

Até que enfim alguém conseguiu desalojar Armando Abílio do comando do PTB, que ele exercia de maneira monocrática. Wilson Santiago foi mais convincente para a direção nacional da legenda.

Estadual

O prefeito Luciano Cartaxo, rebatendo críticas à criação da Secretaria Municipal de Segurança, disse que esse é um assunto do estado. Então por que cargas d’água ele tentou municipalizá-lo?

Dilema

Dilma, que segura a caneta salvadora na mão, ou Eduardo Campos, companheiro de legenda?
Esse é o dilema que vive o Governador Ricardo Coutinho na sucessão presidencial.

Homenagem

Muito justa a homenagem prestada ao conselheiro aposentado e escritor Flávio Satyro, no Fórum de Gestão Pública, que coincidentemente foi aberto pelo atual presidente do TCE, conselheiro Fábio Nogueira.

Frases…

Real – O rei sempre tem razão. Quando ele não tem razão, tem a guilhotina.
Manual – Temos duas mãos. Para abraçar ou jogar pedras. Cada um escolhe.
Mandamentos – Alguns mandamentos são difíceis de cumprir. Outros impossíveis.