Choro e ranger de dentes

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Paulo Santos

Nada poderá ser tão grave, capaz tirar o sono dos possíveis candidatos a deputados estadual e federal, antes e durante o ano eleitoral, do que a redução drástica no número de cadeiras em disputa para a Assembleia Legislativa e a Câmara dos Deputados, caindo de 36 para 30 na Casa Epitácio Pessoa e de 12 para 10, em Brasília.

Em entrevista a Antônio Malvino (da Rádio Sanhauá AM), o presidente Ricardo Marcelo disse quase sussurrando que a situação é irremediável, ou seja, a sorte está lançada. Se a luta por uma das 36 vagas era “briga de foice no escuro”, imagine-se agora quando o manequim está mais apertado.

Essa eleição de 2014, na proporcional, será um divisor de águas. Só vai desembarcar na Assembleia quem realmente cair nas graças do eleitor ou com um cofre abarrotado de boas e salvadoras cédulas. E devemos nos acostumarmos ao choro e ranger de dentes, pois haverá uma espécie de “segundo turno” gigantesco a se desenrolar na esfera judicial.

Por muito menos do que a disputa por 6 cadeiras, ainda agora (mais de dois anos depois) há candidato de 2010 tomando posse no Legislativo. E há quem infle o peito e diga, em alto e bom som, que a Justiça Eleitoral é a mais rápida desse país. Pode ser, mas para aprovar votos de aplausos e de pesar em suas sessões.

Os parlamentares com mandato tentam criar um clima de sensibilização com argumento que não consegue abrandar o coração do cidadão comum: prejuízo com emendas aos orçamentos (tanto o federal quanto o estadual). Não vinga porque o contribuinte não vê seu dinheiro aplicado naquilo que realmente precisa (educação, saúde e saneamento, por exemplo).

É possível que a redução no número de componentes do Legislativo contribua para algo que a população tanto espera: melhoria na qualidade da representação popular. Há décadas que os especialistas dizem que os “embaixadores do povo” conseguem, a cada pleito, piorar o desempenho da Assembleia. Deve ser intriga de quem não chega lá.

RUBRO-NEGRO

O Campinense – de parabéns pela conquista da Copa do Nordeste – demonstra, ao lado do Treze, como os clubes de Campina Grande conseguem se projetar nacionalmente com uma federação que nada cria, não se renova, funciona como repartição pública e não tem o menor prestígio na igualmente desprestigiada CBF.

POBRES PASSAGEIROS

Sexta-feira (15) foi um dia de cão para muitos pessoenses, sobretudo os que moram na periferia e utilizam ônibus. Em poucas horas, nada menos do que três assaltos no interior dos veículos. A Polícia não dá informações, os empresários reprimem a imprensa, os donos dos veículos de comunicação não querem perder a “verbinha”, a Polícia não vai atrás dos assaltantes e a cada dia que passa a situação fica pior. Nem tudo na vida é passageiro.

INTERNET & ICMS

O deputado Aníbal Marcolino (PEN) de olho no projeto palaciano que tenta arrancar um naco de ICMS das compras feitas por paraibanos via internet. Aníbal diz que, na tentativa anterior, no ano passado, o Governo perdeu a queda de braço na Assembleia e também no Supremo Tribunal Federal por inconstitucionalidade devido à bitributação.

EMLUR

A Emlur fez o maior carnaval na imprensa, na semana passada, repercutindo uma tal “troca de experiências” com algumas de suas congêneres nordestinas. A estatal do lixo deveria, também, se preocupar em retirar o lixo das ruas de João Pessoa (principalmente em terrenos baldios) e fazer a capinagem (como ocorria há algum tempo) nos meios fios das vias públicas. A receita é simples: menos politicagem e mais trabalho.

QUEM CALA…

O PSC-Partido Social Cristão tem, na Paraíba, um deputado federal (Leonardo Gadelha) e dois estaduais (Vituriano de Abreu e Carlos Batinga) no exercício dos mandatos. Nenhum, em momento algum, disse se concordava – ou não – com os conceitos preconceituosos e racistas do pastor Feliciano, que assumiu a presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal. Vai ver concordam com o colega.

DESELEGÂNCIA

O presidente estadual do PMDB, ex-governador José Maranhão, foi ao ápice da delegância quando, ao falar da situação da deputada Iraê Lucena no partido, disse que o tio dela teve quatro contas rejeitadas quando presidia o PMDB. O tio, no caso, é o engenheiro Haroldo Lucena. Maranhão não lembrou, na entrevista concedida à Rádio Arapuan, o quanto Haroldo lhe foi útil quando ganhou a guerra contra o clã Cunha Lima há uma década e meia e, também, quanto o pai de Iraê (o falecido senador Humberto Lucena) colaborou para torna-lo celebridade além do horizonte de Araruna.