Senador paraibano enfrenta fogo cruzado do PMDB

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Nonato Guedes

A campanha eleitoral ao governo do Estado do Rio em 2014 encaminha-se para o confronto entre o PMDB do governador Sérgio Cabral e o PT liderado pelo senador Lindbergh Farias, natural de João Pessoa, Paraíba, e será marcada por troca de dossiês com graves acusações. A revista “Veja”, em sua edição deste fim de semana, informa que com a candidatura ameaçada pelo PMDB, Lindbergh já decidiu partir para o contra-ataque. Ele teria procurado representantes da família Garotinho para saber o que existe de material explosivo contra Sérgio Cabral e seus aliados. Mas a resposta do PMDB estaria sendo preparada silenciosamente em Nova Iguaçu, cidade que foi administrada por Lindbergh entre 2004 e 2010.

O colunista de “Veja”, Lauro Jardim, informa que em um gesto inédito a Câmara de Vereadores de Nova Iguaçu revogou a aprovação das contas de Lindbergh e pretende, nos próximos 30 dias, reprovar os números da gestão petista. A medida e uma série de ações por improbidade administrativa poderão tornar Lindbergh inelegível para a disputa eleitoral do próximo ano. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outras lideranças nacionais do PT fizeram sucessivas gestões para um entendimento entre o PMDB e o PT no próximo pleito, mas encontraram forte resistência. Os peemedebistas apostam na candidatura do vice-governador Luiz Fernando Pezão à sucessão de Sérgio Cabral. Lindbergh Farias tinha a esperança de contar com o PMDB ao seu lado no palanque. Mas, ao pressentir a inviabilidade da composição, passou a costurar pontes com o PSB e aproximação com o PDT, PCdoB, PV e PRB.

Quando foi pré-lançado candidato ao governo para 2014, Farias chegou a dizer que os resultados das últimas eleições haviam demonstrado que não há mais a hegemonia do PMDB no Rio. De 92 municípios fluminenses, o PMDB venceu em 25, no pleito do ano passado. Já o PT elegeu 11 prefeitos. Os peemedebistas, contudo, perderam em cidades influentes como Duque de Caxias e São Gonçalo. O PR de Anthony Garotinho ficou com oito prefeituras, mesmo número do PSB. Farias ressaltou que se não houvesse acordo com o PMDB até o segundo semestre deste ano, o PT entregaria todos os cargos de que dispõe no governo Cabral. “Quero ser o candidato de todos, mas se não unificar essa aliança, entregaremos os cargos”, bravateou o parlamentar.

Ex-presidente da União Nacional dos Estudantes e atualmente ocupando presidência de Comissão estratégica no Senado, Lindbergh Farias liderou a campanha dos cara-pintadas em 92 que levou ao impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello. Já foi deputado federal pelo PCdoB, ingressou no PSTU e, finalmente, assinou ficha no PT. Nova Iguaçu é uma das principais cidades da Baixada Fluminense. Ao longo do seu mandato, Lindbergh foi denunciado pela oposição por fraudes e uso de propinas e acusado pelo Ministério Público de superfaturamento em licitações, além das denúncias de “mensalinho” na Câmara da cidade. Na época, afirmou que as acusações eram armação do ex-candidato a prefeito Rogério Lisboa, do DEM, juntamente com o repórter Mino Pedroso, da revista “IstoÉ”. Em 2008, uma ex-secretária dele afirmou que era obrigada a permitir que toda a folha de pessoal da prefeitura fosse rodada na Paraíba, porém, Lindbergh defendeu-se afirmando que a ex-secretária fora exonerada em 2006 e respondia a inquérito administrativo por possíveis irregularidades. Tais denúncias fizeram com que ele se tornasse o prefeito mais processado da história do município. É contra os fantasmas do passado que ele prepara munição para o embate eleitoral do próximo ano no Rio.