Devo, de pronto, esclarecer que esse “e eu”, que consta no título destes escritos, decorre do fato de que, em fins de novembro de 1993, ou seja, há quase 30 anos, tive a satisfação (uma honra, mesmo) de assistir no programa “Jô Soares Onze e Meia”, no SBT, a leitura, pelo próprio Jô Soares, do artigo que eu escrevera e fora publicado no jornal Correio da Paraíba, titulado “O cordel de Jô Soares”.
Ao final da leitura daquele meu cordel, que se referia ao cordel que ele, Jô Soares, dias antes escrevera na Revista Veja e no qual mencionara a Paraíba, todos o assistimos expressar verdadeira reverência a este estado, caracterizando e enfatizando suas origens paraibanas, vez que ele, Jô, embora nascido no Rio de Janeiro, tinha pai paraibano, Orlando Heitor Soares.
Estas origens paraibanas de Jô Soares também estão registradas em seu próprio livro autobiográfico, assunto que foi bem comentado, nestes dias, na coluna “Conversa Política”, do Jornal da Paraíba, assinada por Angélica Nunes e Laerte Cerqueira, que, a respeito, destacaram: “Na obra, ele – Jô Soares – fala das relações de seus antepassados na Paraíba com personagens fundamentais da política nacional e estadual e comenta sobre a oportunidade de poder destacar a importância que o estado teve neste contexto, sobretudo na presença cultural e política do país na primeira metade do século XX”.
Se de muito tempo eu já era “fanzaço” de Jô Soares, agora, face todo o pesar brasileiro por seu recente falecimento e com as repercussões sobre toda sua singular história, mais ainda esta admiração e respeito aumentam, porquanto repercute, neste momento, não só o seu legado cultural, mas, também, sobretudo, sua veia humanística! Observe esta história por ele mesmo contada em uma entrevista, a respeito da mãe dele, Mercedes Leal Soares:
– “Mamãe morreu atropelada, em um dia de chuvas terrível. O motorista do táxi não teve a menor culpa. Ela tinha 70 anos. O motorista socorreu minha mãe e levou para o hospital. Fez tudo certo. Só que ela teve uma fratura de base de crânio e não resistiu. Dez anos depois eu peguei um táxi no aeroporto Santos Dumont e, quando cheguei em casa, o motorista falou: ´Eu preciso dizer uma coisa para o senhor. Fui eu que atropelei sua mãe. E desde esse dia, e isso já faz dez anos, eu não consigo mais dormir. Só vou conseguir dormir no dia que o senhor me disser que me perdoa´. Respondi pra ele: Você está perdoado desde o dia que pegou minha mãe, socorreu e ficou ao lado do meu pai até minha mãe morrer. Você não teve culpa nenhuma. Você está perdoado. Vá em paz!”.
Nessa entrevista, ao concluir tal história, Jô Soares enfatizou: “Ele chorava e eu chorei muito também. O perdão, para mim, é a coisa mais importante do cristianismo”.
Jô Soares já ganhara, em 2016, a imortalidade pela Academia Paulista de Letras, que o empossara como ocupante da cadeira 33. Agora, e doravante, ele passa pra condição de Imortal do Brasil, constituindo-se em um dos expoentes da história deste país!
Fonte: Mário Tourinho
Créditos: Polêmica Paraíba