Candidatura de ministro é uma incógnita

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Nonato Guedes

A virtual candidatura do ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro (PP), ao governo do Estado, em 2014, ainda é tratada como uma incógnita entre lideranças políticas paraibanas. Dirigentes e figuras influentes de outros partidos ressaltam não ter certeza sobre o projeto do ministro em disputar cargos majoritários na Paraíba. Em outros setores avalia-se que a decisão final dependerá da presidente Dilma Rousseff, que tem demonstrado, sucessivas vezes, manifestações de apoio ao deputado federal licenciado, que comanda, à frente da Pasta, um dos mais cobiçados orçamentos e pilota programas de repercussão nacional como o “Minha Casa, Minha Vida”, que se realiza mediante parcerias com gestores.

Aguinaldo Ribeiro tem mantido, com freqüência, pauta de contatos políticos e administrativos em João Pessoa e Campina Grande, sobretudo, nos fins de semana. Recebe políticos de várias agremiações, ex-companheiros de mandato na Assembléia Legislativa e na Câmara Federal, mas se fecha em copas quanto a definições. Insinua apenas que deverá concorrer à reeleição, embora o seu nome seja considerado “pule de dez” para integrar chapa majoritária, ora ao governo, ora ao Senado. A impressão de alguns interlocutores é de que ele aguarda sinais mais nítidos da parte da presidente Dilma Rousseff quanto ao caminho que deverá trilhar no Estado. Independente da disputa local, Aguinaldo estará na linha de frente do “staff” que atuará na reeleição da presidente Dilma. Na campanha municipal do ano passado, ele já cumpriu missões em capitais influentes como São Paulo, onde atraiu o deputado federal Paulo Maluf, que é filiado ao Partido Progressista, para apoiar a candidatura do prefeito eleito Fernando Haddad, do PT, o que provocou a decisão da deputada Luíza Erundina (PSB) de sair da chapa, embora mantivesse o apoio a Haddad.

O ministro foi indicado para o cargo pela cúpula nacional do PP, presidida pelo senador Francisco Dornelles (RJ), e em pouco tempo ganhou a confiança e a empatia da presidente Dilma Rousseff, que na recente vinda à Paraíba almoçou na chácara do seu pai, o ex-deputado Enivaldo Ribeiro, nos arredores de Campina Grande. Ele mantém boas relações com interlocutores diferentes, como o senador Vital Filho, do PMDB, e o governador Ricardo Coutinho, do PSB, ou o prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, do PT e o prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues, do PSDB. Mas não dá pistas sobre com quem se sente mais identificado. A relutância do ministro em decidir seu futuro político gera incerteza em bases municipais que admitiriam fechar com uma candidatura sua a cargo majoritário, seja ao governo ou ao Senado. Fontes que são próximas de Aguinaldo asseveram, entretanto, que no tempo certo ele abrirá o jogo sobre as próprias pretensões.

A indefinição em torno da presença de Aguinaldo em chapa majoritária já estimulou rumores de que a sua irmã, a deputada estadual Daniella Ribeiro, pode vir a ser candidata a vice-governadora numa chapa em coligação com o PT e outros partidos mais identificados com a legenda em âmbito estadual. Não há sinal de evolução em articulações, salvo se estiverem sendo conduzidas estritamente em bastidores, longe de qualquer vazamento para a imprensa. Em todo caso, a situação será definida mais cedo do que alguns esperam, já que mesmo para se candidatar à reeleição Aguinaldo precisará renunciar ao ministério e retomar o mandato federal em Brasília, atualmente exercido pelo deputado Leonardo Gadelha, do PSC, filho do ex-senador Marcondes Gadelha. “O ministro gosta mais de perguntar do que de falar sobre seus planos políticos”, assegurou ao “RepórterPB” um interlocutor que esteve recentemente em contato com ele em João Pessoa.

O ministério das Cidades dispõe de R$ 929 milhões para custeio e R$ 4 bilhões para investimentos, possuindo um quadro de funcionários de 5 065 pessoas, o que o torna um dos mais cobiçados entre os 39 ministérios instituídos na gestão de Dilma Rousseff (esse número cresceu agora com a criação do ministério da Microempresa). Aguinaldo Ribeiro substituiu a um correligionário que havia sido pilhado em irregularidades. Numa matéria sobre o que chamou de hiperministério do atual governo, a revista “Veja” salientou que além da assepsia nos malfeitos do partido, Aguinaldo tem como tarefa tirar do papel investimentos em saneamento básico e moradia, que constituem prioridades da atual administração.