Alagoas que se cuide!

Rubens Nóbrega

Se a gente não tomar cuidado, se nossos governantes e parlamentares continuarem passivos, omissos e dóceis perante o Governo Federal, brevemente desceremos à constrangedora última posição em qualquer ranking ou comparação que se faça no contexto e na conjuntura atual da região em que vivemos.

Justificando a procedência dos temores de que estaríamos em avançado estágio de rebaixamento de praticamente todos os indicadores sociais e econômicos, temos a informação, divulgada ontem neste jornal, de que a Paraíba é penúltimo do Nordeste em investimentos na segunda edição do Programa de Aceleração do Crescimento (Pac 2).

“Até 2014, a Paraíba receberá R$ 13,15 bilhões em investimentos, enquanto os vizinhos Rio Grande do Norte e Pernambuco receberão no mesmo período R$ 37,77 bi e R$ 82,79 bi, respectivamente”, informa o JP, com base no levantamento extraído do último Balanço de Atividades do Pac.

O balanço data de novembro do ano passado, mas foi lembrado anteontem pelo deputado Trócolli Júnior na Assembleia para cobrar da nossa bancada em Brasília uma atitude mais enérgica, mais altiva. Para que deixemos de “receber esmolas” e sejamos mais respeitados – ou simplesmente respeitados – pela Presidente Dilma e equipe.

“A conta é simples, Pernambuco vai receber seis vezes mais que a Paraíba, como se o Estado fosse seis vezes maior que a gente. O pior é que o Rio Grande do Norte é bem menor que a Paraíba e vai receber o dobro de recursos”, assim resumiu o deputado Trócolli o ponto do desprestígio e fraqueza política a que chegamos.

Ficando mesmo para trás

Por seu turno, o deputado Anísio Maia lamentou ontem o fato de a Paraíba ter ficado para trás mais uma vez “na corrida em busca de recursos do Governo Federal”. Ele destacou que de um total de R$ 33 bilhões anunciados anteontem pela Presidente para novas obras e ações do Pac 2 coube ao nosso Estado apenas R$ 350 milhões, ou seja, pouco mais de 1% do montante previsto.

“Para piorar, desse volume há R$ 88 milhões ainda em análise devido a projetos que foram entregues incompletos. Confirmando a ineficácia deste governo (o daqui, não o de lá), dos R$ 350 milhões ainda teremos que deduzir R$ 130 milhões de um projeto elaborado pelo último prefeito de Campina Grande para a mobilidade urbana. Sendo assim, a ação do Governo do Estado se resumiu a captar míseros R$ 220 milhões”, mostrou Anísio.

Os R$ 33 bilhões do novo pacote do Pac, é bom lembrar, serão liberados pelo Ministério das Cidades, que tem como titular o deputado federal paraibano Agnaldo Ribeiro. Considerando esse detalhe, não resisto e provoco: se é nosso o ministro das Cidades e a gente amarga tamanha humilhação, imaginem, então, se não fosse!

Educação de ladeira abaixo

Apesar de tudo, não devemos desprezar os novos investimentos prometidos. Afinal, trata-se de dinheiro novo que deve circular na Paraíba, gerando emprego e renda para quem precisa. Mesmo aquém de nossas expectativas, o investimento pouco (comparado ao que deverão receber os vizinhos) preocupa mais na medida em que baixa ainda mais a já rebaixada autoestima de muitos paraibanos de bem, do bem.

Mas esses devem considerar muito mais preocupante notícia do mesmo JP com base no relatório ‘De Olho nas Metas’ do Movimento Todos pela Educação: apenas 2,3% dos alunos do 3º ano do Ensino Médio ministrado nas escolas estaduais alcançaram em 2011 um nível de aprendizado satisfatório em Matemática. Segundo a matéria publicada na edição dessa quinta (7), a meta fixada pelo Movimento para o ano retrasado era de 16,3%.

Já em Português, 21,5% dos alunos do 3º ano médio da Paraíba tiveram um aprendizado ‘adequado’ em 2011. Foi melhor, mas ainda assim ficamos quase cinco pontos percentuais abaixo da meta estabelecida (26,3%) para aquele ano.

Piorando o que já era ruim

O desempenho do ensino-aprendizagem nas escolas estaduais nocauteia a golpes de realidade a milionária publicidade do governo e as jactâncias do governador Ricardo Coutinho, autoproclamado gestor competente.

Graças a essa competência, enquanto o mundo todo aumenta o número de alunos matriculados na rede pública, na Paraíba sob o Ricardus I ocorre o contrário. Em 2012, o governo que aí está fechou escolas e cometeu a façanha de reduzir em 6,5% o total de matrículas, na comparação com 2011. Foram 343,3 mil alunos matriculados ano passado, contra 367,3 mil em 2011. Com isso, perdemos o diferencial possível – o da quantidade – que poderia nos colocar à frente de outros estados em alguma coisa.

Por essas e outras, não tenho dúvida: devemos ter todo o respeito para com os nossos irmãos alagoanos, mas se bobearam já já a Paraíba toma deles o posto de lanterna do desenvolvimento no Nordeste.

Entre o ridículo e o patético

A Câmara Municipal de João Pessoa contribuiu enormemente, ontem, para degradar ainda mais a própria imagem, ao eleger desde já a mesa diretora para o último biênio da legislatura, que só começa em 2015. Durval Ferreira ganhou o seu penta antecipado, mas essa taça é uma vergonha.