Estupidez deve continuar na orla

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Rubens Nóbrega

Por um momento acreditei que a Prefeitura da Capital, sob nova direção, aproveitaria o reasfaltamento das avenidas atlânticas de Tambaú e Cabo Branco para acabar com aquele arremedo de ciclovia, uma faixa estreita imprensada entre a calçada e os carros que por obra e graça da gestão anterior passaram a estacionar no meio da rua.

Mas, em vez de construir uma ciclovia de verdade, quem sabe continuando aquela iniciada no Cícero I ao sul da Avenida Cabo Branco, as marcas para sinalização horizontal do asfalto novo indicam a permanência da tal ciclofaixa. Um incentivo e tanto a atropelamentos de transeuntes e estranhamentos entre ciclistas e motoristas.

Só lembrando: antes, da antiga Gameleira (na fronteira de Tambaú Manaíra) ao girador da barreira do Cabo Branco, os carros ocupavam vagas de estacionamento em ângulos de 45 graus. Nessa angulação deve caber praticamente o triplo de carros estacionados, se comparado ao espaço hoje reservado a quem demanda a praia.

Além disso, se voltarmos ao modo mais fácil e mais seguro de estacionar, a pista de rolamento voltará à largura adequada ao trânsito nas avenidas Cabo Branco e Tamandaré. Mais: reduziremos significativamente o risco de colisões e atropelamento de passageiro ou motorista no momento de abrir a porta do carro para desembarcar.

Limites da inteligência

Em situações como a que trato hoje neste espaço quase sempre a lembrança me faz repetir frase muito famosa do cineasta francês Claude Chabrol. Ele dizia que “a estupidez é infinitamente mais fascinante que a inteligência; a inteligência tem seus limites, a estupidez não!”.

Tenho quase certeza de que ele diria a mesma coisa se vivo estivesse e morando em João Pessoa desde 2009, o ano em que a Prefeitura empreendeu aquele fascinante reforço aos congestionamentos e possibilidades de acidentes e incidentes na orla.

Desconfio até hoje que a novidade veio para beneficiar uma locadora de bicicletas que se instalou feito posseiro na calçadinha. Ou seria aquilo uma ‘parceria público-privada’, considerando que um dia encontrei um amarelinho tomando conta do negócio? Negócio, aliás, que faliu ligeirinho, mas deixou um passivo na conta de contribuintes em geral e caminhantes em particular.

Bem, espero que o bom senso prevaleça, embora não acredite que alguma providência venha a ser tomada pelo novo governo municipal no sentido de restabelecer o estacionamento nos moldes tradicionais e dar aos ciclistas uma ciclovia digna do nome. Sem mudança à vista, veremos do Bahamas ao Pontal os mesmos carros parados em fila indiana no meio da rua, portas de carro se abrindo para derrubar ciclistas, bicicletas derrubando pedestres…

Boas novas da Justiça

A primeira: a Corregedoria Geral de Justiça da Paraíba pediu e vai contar com a colaboração do Exército no combate aos crimes com uso de explosivos que no Estado acontecem com frequência quase diária contra postos bancários no interior.

A parceria foi acertada segunda última pelo corregedor-geral, desembargador Márcio Murilo, e o coronel Valmar da Silva Severiano, da Seção de Fiscalização de Produtos Controlados de Pernambuco, que tem ‘jurisdição’ sobre a Paraíba.

A Corregedoria vai baixar provimento para orientar juízes sobre tratamento e encaminhamento corretos dos explosivos e acessórios apreendidos e colocados à disposição da Justiça.

A segunda boa notícia: segundo a revista Consultor Jurídico, onde peguei também a nota sobre os explosivos, a ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal, “determinou o prosseguimento de uma ação penal contra acusado de agredir a mulher em ambiente doméstico, mesmo após a mulher retirar a queixa”.

Ou seja, não mais adianta mulher agredida se retratar, geralmente com medo das ameaças do agressor. Não vale sequer argumentar que foi ‘tapinha de amor’. Com seu despacho, a ministra garantiu “a natureza pública incondicionada da ação penal em caso de crime de lesão corporal praticado contra a mulher no ambiente doméstico, não importando sua extensão”, diz a Conjur.

A demissão de Potinho

Potinho de Veneno está desempregado de novo. Contratado por firma de eventos para o cerimonial da recepção à Presidente Dilma em visita à Paraíba esta semana, ficou encarregado de expedir os convites para as solenidades presidenciais sob recomendação expressa de que deveria começar pelas “mais altas autoridades do Estado”.

O primeiro convite que aprontou e mandou entregar tinha como destinatário o empresário Roberto Santiago. Quando soube, o chefe de Potinho mandou demiti-lo. Não pelo fato de o empregado ter confundido o empresário com uma autoridade, mas por intuir que a confusão foi proposital.
Faz sentido, a julgar pelo autor do fato e o conjunto da obra. Justa causa, então.
Perguntinha básica

De Julinho de Adelaide: “Por que a Cagepa não publica seus balanços no próprio saite?”