Luciano Agra ganha promessa de espaços no PT

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Nonato Guedes

O ex-prefeito de João Pessoa, Luciano Agra, encaminha-se para acertar os ponteiros com o Partido dos Trabalhadores, definindo sua filiação à legenda. Agra, que ficou sem partido desde que perdeu, no encontro do PSB, a indicação para concorrer à prefeitura em 2012 para Estelizabel Bezerra, que ficou em terceiro lugar no primeiro turno, avançou entendimentos com dirigentes locais do PT, como o presidente regional Rodrigo Soares e o prefeito da capital, Luciano Cartaxo. As versões sinalizam, porém, que o fator decisivo para um posicionamento de Agra foi o diálogo que ele manteve com o ex-ministro José Dirceu, que veio a João Pessoa para se defender das acusações de chefiar a quadrilha do mensalão, condenada pelo Supremo Tribunal Federal. Dirceu, embora punido pelo STF, mantém cacife dentro da legenda petista, sobretudo junto ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Agra, que já foi filiado ao PT quando não cogitava ingressar na atividade política, acalenta o sonho de ir para uma revanche contra o governador Ricardo Coutinho, desta feita enfrentando-o a céu aberto, já que o socialista disputará a reeleição em 2014. O martelo não foi batido, do ponto de vista da admissão de Agra como candidato ao governo, até porque o PT tem critérios ortodoxos de indicação de postulantes, privilegiando os petistas de carteirinha, que defendem a legenda até em casos desgastantes como o do mensalão. O ex-prefeito, talvez por estar fora do debate político desde que Luciano Cartaxo se investiu no Centro Administrativo Municipal, não chegou a opinar sobre o tema polêmico que ainda agora gera controvérsias. Ele estava focado nos espaços que poderia conquistar para disputar um mandato eletivo no próximo ano. Teoricamente, Agra começaria sua trajetória política propriamente dita candidatando-se a deputado estadual. Mas ele vislumbra chances de figurar na chapa majoritária e faz sondagens concretas nessa direção.

Nos bastidores, houve quem especulasse a possibilidade de Luciano Agra filiar-se ao PPS, onde seu amigo pessoal e interlocutor Nonato Bandeira, vice-prefeito de Cartaxo, pontifica, assumindo quedas de braço com o núcleo favorável ao governador Ricardo Coutinho, representado pela deputada Gilma Germano, mulher do ex-prefeito de Picuí e presidente da Famup, Rubens Germano. Mas Agra disponibilizou seu nome para outras agremiações. Independente da filiação em si, o ex-prefeito manteve reunião em João Pessoa, no seu escritório, com o pré-candidato do PMDB ao governo, Veneziano Vital do Rego, ex-prefeito de Campina Grande, e foi recebido pelo presidente da Assembléia, Ricardo Marcelo, que comanda o PEN (Partido Ecológico Nacional).  Tentou agendar um encontro com o senador Cássio Cunha Lima (PSDB), adversário de Veneziano, mas Cássio cancelou o evento alegando outros compromissos. O ex-prefeito voltou-se, então, para o PT, valendo-se do apoio incondicional que ofereceu a Cartaxo no segundo turno. É com a legenda da presidente Dilma Rousseff que ele espera acertar definições. Agra, aliás, esteve na solenidade em que Dilma entregou casas de um conjunto que começou a ser construído na sua gestão. Na definição dos seus aliados, Agra foi “ovacionado” pelo público, enquanto Coutinho teria sido vaiado por militantes políticos que contestam a sua administração.

O que pode favorecer uma candidatura de Agra ao governo do Estado pelo PT, mesmo sendo ele “cristão novo” a partir do momento em que assinar ficha de filiação, é a predominância da tese de retomada do protagonismo do partido na disputa estadual, a partir do exemplo verificado na ascensão de Luciano Cartaxo à prefeitura, num processo em que os petistas não foram a reboque de outra legenda e fizeram alianças consideradas estratégicas para a vitória, afinal consumada. O ex-prefeito, entretanto, precisará aprofundar sua identificação com o Partido dos Trabalhadores para demonstrar potencial capaz de ser ungido como candidato a qualquer cargo. Há resistências dentro do PT, que, no entanto, são consideradas mínimas ou irrelevantes, a uma virtual candidatura de Luciano Agra ao governo do Estado. Se o seu nome conseguir passar pelo crivo rigoroso do “cânon petista”, Agra estará liberado para percorrer o Estado e aglutinar apoios que viabilizem, pelo menos, sua ida para o segundo turno, em 2014.