Dilma Rousseff não traz nada de novo e deixa sensação de frustração

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Josival Pereira

Depois de muito espera, a presidente Dilma Rousseff atendeu, enfim, às cobranças gerais e visitou à Paraíba. Mas, apesar de satisfação que causou aos diretamente beneficiados pelos programas sociais do governo, aos políticos e particularmente aos petistas e aliados, talvez não haja tantos motivos para celebração.

Minha Casa

Não se pode negar que Dilma entregou e anunciou benefícios para a Paraíba. Os 576 apartamentos do programa Minha Casa, Minha Vida inaugurados em João Pessoa não é pouco coisa. O programa habitacional do governo é bem mais amplo e gera muita satisfação e esperança entre os mais pobres.

Centro de Convenções

O anúncio da liberação de mais R$ 70 milhões para a conclusão do Centro de Convenções também tem significação especial para a Paraíba, que há muito sonha com um equipamento turístico de maior porte.

Canal

A ordem de serviço para construção do segundo trecho do canal Vertentes Litorâneas (Acauã-Araçagi), obra orçada no total em quase R$ 1 milhão, certamente merece reconhecimento, sobretudo, porque se trata de uma obra estruturante, que vai garantir água para mais de 30 mil pessoas e que permitirá a implantação de um projeto de irrigação de 15 mil hectares.

A presidente Dilma também fez entrega de retroescavadeiras e motoniveladoras a prefeitos e promessas genéricas. Eis a resenha da visita presidencial.

Dá para se contentar com isso? Não, absolutamente não.

Sensação de frustração

A presidente Dilma Rousseff não trouxe nenhuma novidade para a Paraíba em sua bagagem. Todos os benefícios anunciados por ela já estão em execução. Houve apenas ratificação das obras. A sensação que ficou é de certa frustração.

Obras estruturantes

Na verdade, a Paraíba tem ansiado ao longo dos anos por algumas grandes obras que a empurre para o desenvolvimento. Um ramal da ferrovia Transnordestina, por exemplo. Um aeroporto de vergonha. Um aeroporto de cargas. Um novo porto, podendo se contentar com o aprofundamento, revitalização e ampliação do Porto de Cabedelo. Talvez todas juntas.

Promessas genéricas

Sobre o porto e o aeroporto, a presidente se limitou a fazer uma alusão genérica ao desejo expresso pelo do governador em seu discurso de garantia para essas obras de que equipamentos como esses são preocupação do governo para garantir a competitividade de sua economia.

Exclusão

Sem obras de infraestrutura para o desenvolvimento como as mencionadas, a Paraíba vai continuar excluída do plano de desenvolvimento estratégico do Nordeste e pode se distanciar cada vez mais, no quesito desigualdade econômico-social, de Estados como Bahia, Pernambuco e Ceará, além de outros que já nos ultrapassaram.

Obrigação de governo

O governo federal sabe disso e tem a obrigação de promover a redução das desigualdades regionais e não estimulá-la. Por isso, pode e deve tomar a iniciativa de incluir a Paraíba no plano desenvolvimento estratégico da região. Neste aspecto, a presidente Dilma veio, mas não disse a que veio.

Falta unidade

A Paraíba tem reivindicado todas essas obras mencionadas de alguma maneira. Mas talvez ainda falte a unidade política suficiente de seus gestores, representantes e lideranças sociais. Unidade capaz de se transformar num coro uníssono de reivindicação. Enquanto isso não ocorrer, a presidente Dilma ou qualquer outro presidente pode vir muitas vezes, mas deixará sempre a impressão de que veio fazer um passeio político. E receber aplausos.

P.S

A avaliação pode até parecer rigorosa, mas foram frustrantes também as manifestações da presidente Dilma Rousseff sobre a seca e a obra de transposição do São Francisco.

Seca

Sobre a seca, não acrescentou nada além do que governo federal vem fazendo: a própria transposição, construção de cisternas e os programas sociais (Bolsa Família e outros), destacando o mais recente deles – o Brasil Carinhoso, que assegura R$ 70 para pessoas abaixo da linha da pobreza. Nada que aponte solução definitiva para os problemas do semiárido nordestino.

Transposição

Sobre a transposição, a presidente veio e voltou e não deu nenhuma garantia de conclusão das obras além daquelas que já vêm sendo dadas pelo governo.

Em suma, nada de novo.