Partidos mandam recado a Wilson Santiago e Luciano Agra: não há lugar para os “coronéis”

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Nonato Guedes

Pelo menos dois políticos paraibanos estão indefinidos em relação ao seu futuro partidário e cogitam alternativas nas quais possam ser admitidos como expoentes de primeira grandeza, com direito a participarem de chapas majoritárias nas eleições previstas para o próximo ano. Este é o caso ostensivo do ex-prefeito de João Pessoa, Luciano Agra, e do ex-senador Wilson Santiago. Agra, que, inclusive, foi ovacionado, ontem, durante a visita da presidente Dilma Rousseff, por um grupo de manifestantes contrários ao governador Ricardo Coutinho, examina convites de várias agremiações, mas dá sinais de que se sentiria à vontade no Partido dos Trabalhadores. Já pertenceu ao PT em outras eras e na campanha à sua sucessão em 2012 apoiou o prefeito eleito, Luciano Cartaxo, petista, que derrotou o senador tucano Cícero Lucena. Agra sonha com uma oferta para disputar o governo, a vice-governança ou o Senado. Na dúvida, e diante do refrão que lhe foi repetido por ex-auxiliares, de que tem prazo e, portanto, não precisa ter pressa, evita cometer o impulso de assinar a ficha de filiação ao PT que já lhe foi repassada.

Santiago não parece ser absorvido dentro do Partido dos Trabalhadores, que ainda definirá se vai ter ou não candidato próprio ao governo. De concreto, houve uma sondagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que ele se filiasse à agremiação. Ao saber de eventuais dificuldades de Santiago, dentro da meta a que se obstinou de concorrer a um cargo influente nas chapas a serem formadas, o ex-presidente pediu tempo para avaliar melhor o cenário e apontar a melhor solução para o caso do ex-parlamentar. Santiago continua alardeando que controla quase meia centena de prefeituras e possui predominância junto a outra penca de lideranças municipais, um espólio que faz crescer o olho de cúpulas partidárias. Mas há quem avalie, dentro do PT, que ele não tem afinidade dentro da legenda, o que o excluiria, “in limine”, do xadrez para disputar cargos influentes. É um caso pendente, segundo fontes políticas, que arrematam: “A desfiliação de Santiago do PMDB, porém, parece irreversível”. O destino de Santiago teria ficado “embolado” também por outro fator: a ocorrência de acenos do bloco liderado pelo governador Ricardo Coutinho para ele se engajar ao palanque majoritário. Será um exercício de acomodação bastante complicado. Coutinho precisará encaixar, na referida equação, o PSDB do senador Cássio Cunha Lima e o PSD do vice-governador Rômulo Gouveia.

Ontem, Rômulo deu declarações comentando a hipótese de Santiago querer se filiar ao PSD. Não se opõe e reconhece a liderança política que o ex-parlamentar mantém em regiões estratégicas do Estado. Mas deixou no ar um aviso subliminar: qualquer político que se filie ao PSD não pode achar que terá tratamento de coronel. Ou, numa gradação superior, de general. Santiago teria que discutir em profundidade o seu peso eleitoral real e a transfusão de forças que pode operar, filiando-se a outra agremiação. Isto não vale apenas dentro do PSD. Vale em outras legendas, a exemplo do PEN, presidido por Ricardo Marcelo, que também dirige a Assembléia Legislativa. Só que Santiago não elencou o PEN, até agora, entre as opções que examina para poder dar adeus ao PMDB.

Especulações dão conta de que o ex-senador estaria fazendo um “minueto” para chamar a atenção do PMDB e ser valorizado dentro da legenda. Esse reconhecimento teria que vir, sobretudo, do ex-governador José Maranhão, presidente do diretório regional, e do grupo peemedebista campinense, pilotado pelo senador Vital do Rego e pelo ex-prefeito Veneziano, este último lançado com antecedência para disputar o governo e já percorrendo municípios em estágio probatório para alicerçar prováveis alianças. A cúpula peemedebista, até o momento, não emitiu “fumaça branca” quanto a uma suposta operação para manter Santiago no partido com a condição de dar-lhe posto de primeira grandeza na chapa ser formada para 2014. E Veneziano já deixou claro que não abre mão da candidatura ao governo, pois lembra que em 2010 renunciou a essa pretensão com o fito de favorecer o ex-governador José Maranhão, que acabou derrotado por Ricardo Coutinho. Em um ponto, analistas políticos concordam: Agra e Santiago não estão blefando. Eles têm influência política. Só que estão isolados, por enquanto, de esferas de poder, aquelas que decidem como ficarão as chapas que vão se defrontar no páreo do próximo ano.