Campinense: Histórico !

Bruno Filho

Esse comentário não terá a conotação técnica do futebol, será eximido de táticas e esquemas. Não é sob esse prisma que quero escrever, é do aspecto social, territorial e cultural que envolve essa campanha que levou a equipe a final da Copa do Nordeste, o campeonato mais importante da região e que ganhará conotação muito maior quando der uma vaga a um torneio sul-americano.

Nossos vizinhos do Sul, até por merecimento e investimento, sentem-se soberbos em quase todas as áreas de atuação e não seria diferente dentro do futebol. Não sou um grande entendido sobre as coisas do Nordeste, mas sei analisar à minha maneira o que enxergo e os fatos que ocorrem à minha frente. Quero dizer que sou isento de amores e paixões.

Os paraibanos não muito afeitos a discussões, na maioria das vezes acostumaram-se a ver um certo protecionismo em diversas áreas e aceitar passivamente. Não deveria ser assim. Cada um deveria sim defender o seu território, porém com a intenção de corrigir o errado e alcançar acertos, modificando as opiniões que já nascem formadas.

Pois no futebol o Campinense fez isso. Tornou-se do mesmo tamanho de seus adversários, sem contar o segredo, apenas trabalhando. Colocou em campo a grandeza de quem quer aprender sem deixar de participar e ensinar. Pouco importou á Raposa se sua cidade de origem é do interior do Nordeste, se não é uma das 7 Capitais dos Estados participantes.

Levou para as quatro linhas a dignidade acima de tudo. Levantou a cabeça, esqueceu qualquer complexo de inferioridade e matou os gigantes. Camisas de peso dentro da ordem que o próprio futebol cria, com muito mais investimento tanto de patrocinadores quanto das cotas de transmissão, sempre maiores e adequadamente gentis a todos, menos aos paraibanos.

Com o título que vai vir, o futuro das coisas vai se modificar. Será o único time do Mundo que ganhará um título de caráter nacional sem estar presente em nenhumas das séries patrocinadas pela CBF. Já viram isso ? Inédito por todos os aspectos. Com a vaga que futuramente poderia ser conquistada em um torneio internacional, em tese poderia chegar ao degrau máximo do Continente sem estar em divisão nenhuma.

Indo mais adiante…poderia conquistar, em tese, o título mundial de clubes sem sequer disputar um dos campeonatos da entidade. O Campinense está conseguindo dar um verdadeiro “nó na cabeça” desta entidade que nunca esperava que esse fato pudesse ocorrer. Derrotar 3 baianos, 3 pernambucanos, e 2 cearenses ? Parecia impossível, mas aconteceu.

Que sirva de exemplo…assim deve portar-se a Paraíba, em todos os segmentos. Com altivez e grandiosidade, esquecendo palavras mais duras que na maioria das vezes são ditas para ofender e não para tentar corrigir. Hoje parece até que o futebol não poderá ser responsável por mudanças, pode passar a imagem de muito pequeno para isso. Não esqueçam, muitas mudanças começaram pelo futebol…

Cada dia mais que se aproxima a realização da Copa do Mundo, eu fico constrangido em lembrar que o Estado não fez nada para participar deste evento. Que mesmo equidistantes de duas cidades-sedes estaremos alheios a tudo, sem participação direta. Nós esquecemos de acreditar, essa que é a verdade, e mesmo que de forma simples o Campinense nos lembrou que existimos.

Posso estar enganado, mas o futebol outra vez servirá como elemento de inclusão. Avante Campinense, seja grande e ajude a Paraíba a crescer novamente. Não vamos nos importar com conversa de esquina, devemos e vamos agir com a grandeza dos fortes, respeitando acima de tudo e pensando em reconquistar um posto que nos pertence, indiscutivelmente.

Bruno Filho, jornalista e radialista, feliz pela façanha , mais feliz ainda em participar dessa mudança.

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