Um estudo realizado por pesquisadores do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CeMEAI) mostra que o uso de máscaras de boa qualidade contra a Covid-19, como a N95 e a PFF2 , somado a outras medidas não farmacológicas podem manter os níveis de contaminação pela doença baixos em escolas e até mesmo em cidades que ainda têm taxas defasadas de vacinação.
Por outro lado, segundo a pesquisa, em um cenário que ninguém usasse o equipamento de proteção, as variantes consideradas mais transmissíveis, como a Ômicron , poderiam infectar até 80% da população.
Apesar de indicar a importância do uso de máscaras por professores e alunos, o estudo apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) concluiu que, quando o equipamento é de qualidade inferior, as chances de transmissão do vírus aumentam em cinco vezes em comparação com o cenário de lockdown, isto é, quando as instituições de ensino estavam completamente fechadas.
Já quando os estudantes usam máscaras de boa qualidade, como as cirúrgicas, e os funcionários a N95 ou a PFF2, as taxas de transmissão sobem apenas para três vezes, em relação ao período sem aulas.
Guilherme T. Goedert, um dos autores do estudo e pesquisador da Universidade de Roma Tor Vergata, Universidade Técnica de Aachen e Cyprus Institute, explicou que, apesar de as máscaras de pano terem qualidade inferior, a taxa de proteção também depende do encaixe correto do equipamento.
“É muito importante notar que a capacidade das máscaras para reter as partículas não depende apenas do material, mas também de quão bem essas máscaras se ajustam à face e se as pessoas as utilizam corretamente”, destaca o especialista. “No fim, vários estudos mostram que máscaras de pano usadas corretamente junto com as descartáveis de menor qualidade podem ser tão efetivas quanto máscaras PFF2 .”
Para realizar a coleta de dados, os pesquisadores usaram os alunos de Maragogi, no litoral de Alagoas, como modelo. A cidade de 33 mil habitantes foi escolhida pois a renda e demografia do local representam cerca de 40% dos municípios brasileiros. Além de Maragogi, os cientistas também fizeram uma parceria com outras cem prefeituras com o objetivo de coletar dados que pudessem ser usados para guiar políticas públicas.
As simulações foram calibradas para uma cidade grande, tendo Curitiba, capital do Paraná, como modelo, e os resultados foram semelhantes.
De acordo com Goedert, no estudo foi considerada uma cobertura vacinal até a faixa de 70% nos adultos, o que fez com que houvesse redução significativa no número de casos da doença em relação ao mesmo cenário com pessoas não vacinadas. O pesquisador aponta, no entanto, que somente a alta cobertura vacinal não é suficiente para evitar um surto durante as atividades escolares.
Fonte: IG
Créditos: IG