Entre dezembro de janeiro de 2021, a Paraíba registrou 133 crimes contra a população LGBTQIA+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, Queer, Intersexo, Assexual e demais grupos e variações de sexualidade e gênero), o que em média é 11 casos por mês. Os dados são da Polícia Civil do estado. Conforme a legislação, três anos é o tempo de reclusão a que podem ser condenadas pessoas que cometerem a chamada LGBTIfobia, que consiste em praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito em razão de orientação sexual ou identidade de gênero.
As condutas LGBTIfóbicas, previstas no artigo 2º da Lei 7.716/1989, são reconhecidas como criminosas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) desde 2019.
A homofobia é considerada um tipo de intolerância, assim como o racismo, o antissemitismo e outras formas que negam a humanidade e dignidade às pessoas. Desde 1991, a Anistia Internacional considera a discriminação contra os homossexuais uma violação aos direitos humanos.
A Organização das Nações Unidas (ONU) reconhece o dia 17 de maio como o Dia Internacional contra a Homofobia (International Day Against Homophobia).
A data comemora a exclusão da homossexualidade da Classificação Internacional de Doenças (CID) da Organização Mundial da Saúde (OMS). Entre 1948 e 1990, a homossexualidade (que era chamado de “homossexualismo”) era considerada um transtorno mental.
Nesta quarta-feira (11) foi noticiado pela inprensa que o dono de uma academia de crossfit, que também é policial civil, deve ser investigado pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB) após comentários homofóbicos em suas redes sociais. Uma entidade que atua na defesa dos direitos humanos da população LGBTQIA+ protocolou uma denúncia contra Eudes Patrício. Ele teria disseminado discurso de ódio contra gays quando comentou uma propaganda que exibia um casal homoafetivo.
A denúncia foi feita pelo Movimento Espírito Lilás (MEL). O promotor João Benjamin informou que a representação foi recebida pelo núcleo de gênero, diversidade e igualdade racial (GEDIR/MPPB) e encaminhada aos promotores competentes que vão investigar o caso. A Secretaria da Mulher e da Diversidade Humana (SMDH) da Paraíba informou que também está acompanhando o caso, através da Rede Estadual de combate à LGBTFOBIA (Realp).
As publicações do empresário não estão mais disponíveis nas redes sociais e ele não se manifestou sobre o caso. A academia chegou a se pronunciar, dizendo que posicionamentos publicados por qualquer integrante da empresa não representam a opinião da empresa.
“O BOX 10, através dessa nota, vem a público declarar que discorda veementemente de opiniões pessoais que retratem qualquer tipo de preconceito ou discriminação em plataformas digitais ou por qualquer outro meio, rejeitando fala publicizada por colaboradores da empresa ou quaisquer usuários dos seus serviços. As falas representam exclusivamente convicções de ordem pessoal daquele que se manifesta, não tendo nenhuma relação com o conceito institucional da pessoa jurídica e dos serviços que dispõe a prestar a comunidade. Dessa forma, reafirmamos nosso posicionamento contra qualquer ação que se configure como quaisquer formas de discriminação. Entendemos que a reprodução de quaisquer estereótipos que reforcem opressões sociais divergem dos conceitos éticos, morais e institucionais da empresa, que respeita a representatividade e a diversidade”.
Nas postagens, Eudes rechaça a campanha publicitária de um novo modelo de carro. A produção tem sido alvo de ataques homofóbicos nas redes sociais por mostrar um casal gay como dono do novo veículo.
Na ferramenta stories, ele diz que ninguém mais poderia criticá-lo por ter um veículo de outra marca: “Quinhentinho agora é carro de homem”. Em seguida, ri do amigo que seria dono de um carro similar ao da propaganda.
Em seguida, o empresário compartilha uma sequência de vídeos, nos quais um homem está na frente de uma concessionária, dizendo que o veículo teria virado “carro dos gays”. No material publicado, Eudes escreveu: “Enquanto mantiver esses doentes militantes à frente das ações de marketing, vão continuar quebrando a cara”.
Na sequência, Eudes chama de “animal incompetente” quem fez a campanha com casal homoafetivo. Ele afirma que seria doentio colocar um casal gay em uma propaganda, pois a “maioria” dos consumidores do país seriam conservadores. Por conta disso, segundo o empresário, as empresas não deveriam representar pessoas LGBTQIA+ em meios publicitários por serem uma “minoria”. Ele menciona que isso traz uma imagem negativa para a empresa.
As postagens ganharam repercussão e usuários se reuniram para denunciar o perfil à plataforma e também a entidades que defendem os direitos de pessoas LGBTQIA+.
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba