Surpresa nas urnas

fotoPaulo Santos

Os políticos costumam acusar os jornalistas de perguntarem aquilo que induz à resposta que querem ouvir. Pode ser. Do outro lado do balcão se tem repórteres que tentam driblar a astúcia dos políticos, que tentam se desvencilhar das “saias justas” com respostas, ás vezes, inverossímeis.
O senador Cícero Lucena cumpriu com esplendor, esse papel, ao ser entrevistado por Josival Pereira e Cláudia Carvalho na segunda-feira (25) na Tambaú FM de João Pessoa. O que os jornalistas queriam saber? Apenas – e tão somente – se haveria possibilidade dele (Cícero) ser candidato á reeleição ao Senado numa chapa encabeçada por Ricardo Coutinho.

O senador já havia dito que seu candidato a Governador em 2014 é Cássio Cunha Lima. E é aí que os jornalistas caem na armadilha dos políticos: perguntam sobre um futuro óbvio e recebem uma resposta capenga. E Cícero insistiu no argumento sobre as chances de Cunha Lima disputar o Palácio da Redenção.

Ninguém – talvez nem o próprio Cássio – tem certeza de que uma pretensão dessas é viável juridicamente. Mas Cícero usa um argumento ainda mais contundente para encerrar qualquer discussão: “O povo quer devolver o Governo a Cássio”. O Caboclinho de São José de Piranhas deve ter pesquisas de opinião pública que revelam esse desejo popular? É demais.

Por que Cícero não assume que está sendo pressionado por Cássio para ser o nome do PSDB ao Senado em 2014? Porque não é conveniente, faltando um ano e oito meses para as eleições, dar um giro desses na sua trajetória política, sair de uma posição de inimigo radical para melhor amigo e fazer com que essa composição só beneficie virtuais adversários.

Evidente que Cássio não quer Cícero bradando juras de amor a Ricardo Coutinho. Eles se respeitam até mais do que muita gente imagina. O problema é que Cícero não deixa nenhuma brecha para justificar, lá adiante, um possível acordo com o Governador e sua entrada definitiva na versão girassol de 2014.
O que Josival Pereira e Cláudia Carvalho perguntaram é o que se ouve constantemente dos eleitores, que deveriam ser os mais respeitados em função das decisões que os políticos venham a tomar. A opinião do cidadão que vota não tem importância… agora. No dia 5 de outubro de 2014, em função do que pode ter acontecido de hoje até lá, pode ser a vez do eleitor esconder o jogo até a hora de apertar as teclas da urna eletrônica e devolver a Cícero a surpresa que guardou por vários meses. E pode ser desagradável, como já aconteceu de aprontar com outros políticos.

FIRMEZA

A deputada Daniella Ribeiro (PP) está coberta de razão em chamar o feito á ordem em Campina Grande e o fez sem estardalhaços nem salamaleques, mas com uma sutileza que chamou a atenção em pleno fim de semana. Não se pode assistir, impassível, a esse deprimente espetáculo político de troca de acusações entre situação e oposição, agressões pessoais e incentivado, ao que tudo indica, por um bando de desocupados que outra coisa não faz senão abusar das redes sociais. Esses deveriam imitar o povo ordeiro e trabalhador que paga impostos.

UNIÃO DOS PEQUENOS

O ex-vereador Tavinho Santos, disposto a conquistar uma cadeira na Assembleia, vem “costurando” a união de vários partidos considerados “nanicos” – entre eles PRTB, PHS e PSDC – para formar um bloco que conquiste pelo menos duas vagas. E, pelo tom das conversas, ninguém quer acordo com deputado candidato á reeleição.

DETRAN

Um cidadão chegou nesta segunda-feira (25) ao posto do Detran no Shopping Tambiá, pegou a ficha com número acima de 70 e esperou pacientemente para reemplacar seu automóvel. Ao chegar sua vez, por volta das 11 horas, um funcionário informou-lhe que o sistema estava “fora do ar”. Uma manhã perdida porque não há um sistema de apoio alternativo.

A FOTO

Esta foto abaixo é reprodução. Foi postada no twitter pelo padre Djacy Brasileiro para mostrar o sofrimento de um sertanejo à beira de um poço seco. É um documento. E mesmo que não tenha o respeito de quem poderia ajuda-lo pelo menos nós o respeitamos.

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