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Covid: usar máscara em ambiente fechado é ainda eficaz se você for o único?

Mesmo com o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras em diversas cidades, inclusive em locais fechados e transportes públicos, muitas pessoas preferem permanecer com a proteção facial em lugares mais movimentados ou considerados de maior risco, como ônibus e hospitais. No entanto, em um ambiente onde a maioria das pessoas dispensou o item, a máscara permanece sendo eficaz para prevenir a infecção pelo vírus causador da Covid-19?

Mesmo com o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras em diversas cidades, inclusive em locais fechados e transportes públicos, muitas pessoas preferem permanecer com a proteção facial em lugares mais movimentados ou considerados de maior risco, como ônibus e hospitais. No entanto, em um ambiente onde a maioria das pessoas dispensou o item, a máscara permanece sendo eficaz para prevenir a infecção pelo vírus causador da Covid-19?

Esse questionamento ganhou força especialmente após o fim da lei federal que obrigava o uso da proteção durante voos e outros meios de transporte nos Estados Unidos, nesta segunda-feira, depois que uma juíza federal do país revisou a medida. No Brasil, a norma da Anvisa que torna obrigatório o uso das máscaras em aeronaves e aeroportos, tanto por viajantes, como por trabalhadores, segue vigente. Porém, o fim da Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN), anunciado pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, no último domingo, pode eventualmente impactar a decisão.

Especialistas explicam que, mesmo com a melhora do cenário epidemiológico e o avanço na vacinação, utilizar a proteção facial ainda é eficaz para prevenir o diagnóstico de Covid-19, uma vez que a circulação da doença ainda está em patamares considerados elevados.

— A máscara é importante sobretudo em lugares de aglomeração, como em transportes públicos e supermercados. São muitas pessoas, que você não conhece, que podem estar assintomáticas. São locais de mais risco — explica Carlos Zárate-Bladés, pesquisador do Laboratório de Imunoregulação da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Isso porque o objetivo principal da máscara é prevenir que a pessoa infectada libere o vírus no ambiente, elevando a carga viral em circulação e, consequentemente, o risco de contaminação de outras pessoas. Como em muitos casos não se sabe que o indivíduo está com a Covid-19, quanto mais pessoas usando a proteção, menor o risco do agente causador da doença estar circulando naquele ambiente.

Porém, mesmo em locais em que ninguém aderiu ao item, e o risco de o vírus estar presente no ar é maior, utilizar a máscara continua a proteger a pessoa de ser contaminada. Isso porque o equipamento atua também como uma barreira para que agentes externos não entrem em contato com as vias respiratórias.

— Uma única pessoa usando máscara ela vai ter uma boa proteção especialmente se for uma máscara como a KN95. Obviamente essa proteção vai depender muito de como  a pessoa faz o uso da máscara, se ela remove muitas vezes, se ela não troca a máscara com o tempo, são elementos que reduzem a efetividade do item — ressalta Zárate-Bladés.

Essa eficiência é de fato reduzida também quando as pessoas ao redor não estão com máscara e, por isso, a concentração do vírus pode ser maior. Um estudo de pesquisadores da Alemanha, publicado na revista científica PNAS, analisou a probabilidade de transmissão após contato com uma pessoa contaminada com Covid-19 que não fazia o uso da máscara. Depois de cerca de meia hora de proximidade, mesmo o indivíduo saudável com uma máscara cirúrgica, o risco de infecção foi de mais de 90%. Porém, com o uso de uma máscara PFF2 bem ajustada ao rosto, as chances foram menores, de aproximadamente 20% mesmo após uma hora no local. Quando as duas pessoas utilizavam a PFF2, o risco foi de apenas 0,4% de infecção depois de uma hora.

— Se duas pessoas estão usando máscara, a proteção é maior já que há duas barreiras interpostas à propagação do agente infeccioso. No entanto, mesmo apenas uma pessoa usando, ela estará mais protegida que sem a proteção — explica o infectologista Plinio Trabasso, professor da Unicamp.

O trabalho reforça a recomendação de especialistas para que, em casos com maior risco de contaminação – como em aviões devido à permanência em ambientes fechados, com contato próximo e durante longas horas –, a preferência seja por uma máscara PFF2 ou KN95 em relação ao modelo cirúrgico ou de pano. Nesse caso, o item de pano é o que oferece a menor proteção, ainda que seja melhor que nada.

— O sistema de ar condicionado de aeronaves comerciais é altamente eficiente; nessas situações, o uso da máscara tem importância devido ao longo de tempo em que ficamos ao lado e a menos de um metro de distância de outras pessoas. Em ônibus e trens, embora o tempo de exposição seja relativamente menor, não existe sistema de tratamento de ar, então o uso da máscara confere grande proteção — reforça Trabasso.

Um estudo publicado pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) mostrou que as máscaras PFF2, ou KN95, reduziram em cerca de 83% o diagnóstico positivo para a Covid-19, as cirúrgicas em aproximadamente 66% e as de pano em 56%.

Fonte: O Globo
Créditos: Polêmica Paraíba