O PT enfrenta racha nos estados do Nordeste governados pelo PSB (e onde este lançou candidatos ao governo), com saias justas para o partido seguir de forma homogênea no apoio aos socialistas.
Em meio a discordâncias sobre os nomes escolhidos, petistas históricos deixaram a legenda ou até abriram uma frente de rebeldes para apoiar o candidato rival.
O CASO DA PARAIBA
O PSB comanda três estados do Nordeste: Pernambuco, Maranhão e Paraíba. O PT nacional já anunciou apoio a Danilo Cabral, em Pernambuco, e a Carlos Brandão, no Maranhão.
Na Paraíba, apesar de não haver o apoio formal, o partido sofre com uma disputa interna com a chegada do ex-governador Ricardo Coutinho e de seu grupo. O diretório local está ainda em processo de decisão sobre a disputa pelo governo do estado.
Paraíba tem racha histórico Na Paraíba, o governador João Azevêdo do PSB se aproximaria mais do ex-presidente Lula, mas não deve garantir o apoio petista no estado —que hoje pende mais para auxiliar a candidatura do senador Veneziano Vital do Rego (MDB).
O racha entre os partidos veio com o retorno do ex-governador Ricardo Coutinho ao PT. Os dois romperam politicamente ao final de 2019, um ano após Coutinho indicar e fazer campanha par Azevêdo ao governo. Em 2020, o PT já dava sinais de racha.
O partido chegou a decidir ter candidato próprio à Prefeitura de João Pessoa. Anísio Maia teve seu nome rifado pelo diretório nacional —que interveio no diretório municipal e determinou coligação e apoio a Ricardo Coutinho (que à época estava no PSB).
Com a chegada de Coutinho, Anísio deixou o partido e se abrigou no PSB. Mesmo assim, parte do diretório municipal mantém apoio a João Azevêdo.
“O PT teve, nesse período de governo, uma posição ambígua: primeiro apoiou João, depois foi para a oposição, mas alguns setores seguiram apoiando”, explica José Henrique Artigas, cientista político do Departamento de Ciências Sociais da UFPB (Universidade Federal da Paraíba).
Para ele, a situação no PT é “tensa” na Paraíba, já que a chegada de Ricardo Coutinho mudou a configuração do partido no estado. “Coutinho não foi só: ele levou os deputados, e o PT pulou de um para cinco estaduais.
Essa recomposição gerou essa conflituosidade das duas legendas, que mudaram de perfil”, diz. Como os deputados estaduais têm assento garantido no diretório, ele vê como inviável, no atual cenário, um apoio do PT à reeleição de João Azevêdo.
“Existe uma oposição entre os diretórios estadual e municipal. Anísio saiu por falta de alternativa”, completa. Hoje, com a bênção do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PT está inclinado a apoiar Veneziano. “Precisamos juntar mais gente que queira ajudar a gente no estado.
Estamos no processo de conversação”, disse o ex-presidente em entrevista à rádio Espinharas, de Patos, no dia 22 de março.
O cientista político diz ainda que, diante do racha entre Azevedo e Coutinho, seria uma contradição o PT apoiar a reeleição e aposta que isso não irá ocorrer na eleição estadual de 2022.
“Para o PT é muito mais interessante se aliar com o MDB, porque ele tem alianças acertadas em vários estados do Nordeste e isso pode agregar mais; já o PSB não vai agregar nada, porque João já se diz favorável a Lula”, comentaApoio a nomes do PSB no Nordeste racha o PT e leva até a voto em rivais. Governador João Azevedo e Ricardo Coutinho duelam.
Fonte: UOL
Créditos: Polêmica Paraíba