" Duro de Matar " e de Acreditar !

Bruno Filho

Trilogias são sempre bem vindas no cinema. A da “Famíglia Corleone” eu adoro, já assisti umas 20 vezes e sempre enxergo novidades em cada apresentação. Outras tantas fazem sucesso e passam a ser quadrilogias ou pentalogias como a que vi ao lado de minha mulher, uma mentira sensacional mais uma vez protagonizada por Bruce Willis, este grande astro alemão do cinema americano.

Gosto de Bruce desde os tempos da “A Gata e o Rato”, sempre com semblante sereno e ironico, espera-se tudo do artista que transforma as cenas mais brutais em suportáveis. Depois de uma explosão de milhares de quilos de dinamite, ele aparece apenas com aquele famoso corte na altura da testa, mancando, algumas escoriações nos joelhos e mais nada.

Nesta quinta edição de “Die Hard” não é diferente, embora tenha divididio o palco e a cena com o companheiro de filmagens Jai Courtney, que faz o papel de seu filho revoltado com o passado e cheio de restrições contra o pai. John MacClane já me deu muitas alegrias e provocou bons momentos. No “Nakatomi Plaza” conseguiu derrotar uma quadrilha de nazistas, rastejando por entre os tubos de ar condicionado apenas com uma pistola.

Já no famoso filme do Aeroporto, protagoniza a cena mais interessante das que eu tenha visto. Explode um Boeing e dos grandes depois de acender um cigarro que não estava amassado, com um Zippo, atira o isqueiro na neve gelada e molhada, ele não apaga a chama anda por uma trilha de combustível e o avião explode. Isto depois de lutar contra um homem de 2 metros de altura em cima da asa da aeronave.

Dentre outras cenas, as deste ultimo filme não são tão frequentes, tem momentos que o filme até cai numa monotonia não comum ao título. Porém não modificam muito. Ele viaja para Moscou para ajudar o filho que não quer saber dele e como é comum na série logo de cara se envolve em confusões. Rouba um Jeep e com ele desce escadas, faz trampolins com os tetos dos outros carros, voa por sobre viadutos, recebe mísseis, balas de todos os tipos e nada…

As cenas vão se prolongando até que chegamos a Chernobyl, exatamente a usina fechada pelos soviéticos há quase 30 anos, mas que esconde uma grande carga de Urânio, para a confecção de bombas atomicas. Ao lado do filho, ele consegue roubar um carro já carregado de armas e se dirige ao local da usina como se estivesse indo ao parque de diversões.

Entram e lutam lá com uma facilidade de quem rouba um doce de uma criança. Depois de explodir a usina toda, não sofrem nada com radiações, derrubam helicóptero com a ajuda de um caminhão, saem da cena final apenas com os famosos cortes na testa e algumas escoriações, mais nada. Tudo isso acontece em menos de 24 horas.

O filho volta a reconhecê-lo como herói, voltam a patria e assim todos ficam felizes. Senti a falta da esposa de MacClane que não esteva presente. Será que eles se separaram ou ela morreu ? Aparecem dois filhos, mas não se fala da mãe. Acho que não morreu, pois o policial novaiorquino não deixaria que isso acontecesse. Acho que eles se separaram pois viviam sempre brigando.

Não sei se teremos o “Die Hard 6”, espero que sim antes que Bruce se aposente, mas se isso acontecer deixo um conselho aos vilões que ora são alemães, ora russos, e as vezes árabes também. Naquele momento em que voces conseguem prender MacClane, mais ou menos na metade do filme, não o amarrem em cadeiras ou em postes, ou em lugar nenhum…

Pegaram ? Matem na hora, senão ele vai arrumar um jeito de fugir, vai desamarrar as cordas, quebrar algemas, vai dar um jeito de matar voces, portanto bala nele…Estou brincando, não quero isso não, quero o velho MacClane sempre vencendo o mal, ele é imortal, ele é “Duro de Matar”, mas pelo menos me diverte nas noites em que o vejo nas telas.

É melhor acreditar naqulio que não existe por duas horas, do que conviver com a verdadeira violência pela vida inteira. Nós não temos um MacClane de verdade e nunca teremos, é impossível, mas temos os vilões. Estes sobram na nossa vida real. Estes não erram os tiros e nem são derrotados, infelizmente não somos “Duros de Matar”, só meu ídolo Willis.

Bruno Filho, jornalista e radialista, reconhece no cinema uma forma de redenção e ilusão…mesmo que por poucas horas.

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