A seleção brasileira calculou friamente os movimentos na altitude de La Paz e, sem correr à toa, venceu a Bolívia por 4 a 0, hoje (29). Com o resultado, mesmo sem os suspensos Neymar e Vini Jr, o Brasil atingiu a melhor campanha das Eliminatórias da Copa do Mundo, que tem o formato atual desde 2002.
Os gols foram marcados por Lucas Paquetá, Richarlison, duas vezes, e Bruno Guimarães. Assim, a equipe treinada por Tite alcançou os 45 pontos, superando a Argentina de Marcelo Bielsa, que somou 43 pontos justamente na rota rumo ao Mundial de 2002, que iniciou o modelo atual.
A pontuação pode ser ainda maior porque a caminhada da seleção nas Eliminatórias não terminou porque é preciso completar o jogo diante dos argentinos – ele seria disputado em setembro do ano passado, mas foi interrompido por uma ação da Anvisa para impedir que jogadores da Argentina que não cumpriram quarentena estivessem em campo.
A tentativa da CBF é fazer com que o duelo pendente aconteça em junho. Além dessa partida, a entidade planeja outros quatro jogos até a Copa do Mundo – serão, ao todo, três em junho e dois em setembro.
Paquetá e Bruno Guimarães: que dupla!
O torcedor do Lyon deve estar com saudade. Mas a seleção brasileira é quem pode desfrutar do entrosamento e da qualidade de Bruno Guimarães e Paquetá. Eles foram os melhores jogadores do Brasil diante da Bolívia. Uma atuação fora da curva, que uniu a inteligência de movimentação, qualidade do passe e frieza nas finalizações.
Foi Lucas Paquetá quem abriu o placar, aproveitando a assistência de Bruno Guimarães. No terceiro gol do Brasil, a compensação do amigo: um passe por elevação açucarado, que resultou em um golaço de Bruno. Durante a semana, ele recebeu a visita da família na Granja Comary – até o táxi número 39, por anos usado pelo pai dele, Dick, apareceu em Teresópolis.
Marquinhos fora de sintonia
O zagueiro Marquinhos foi quem mais se complicou na altitude, embora o Brasil tenha passado mais um jogo sem levar gols. Um erro do defensor, em um domínio aparentemente simples, gerou uma jogada perigosíssima de Henry Vaca no primeiro tempo. Mesmo na recuperação, Marquinhos foi driblado com relativa facilidade. O Brasil escapou ileso por causa da defesa de Alisson, após uma finalização que não foi no canto. Marquinhos pelo menos conseguiu cortes importantes no início do segundo tempo, quando a Bolívia pressionou de forma mais intensa.
Alisson pega tudo
A boa atuação do Brasil e o placar elástico, sem sofrer gols, foi possível porque a pontaria no ataque foi associada às defesas importantes de Alisson. Mesmo com a variação e a diferença na velocidade da bola, algo inerente à altitude, o goleiro fez pelo menos três intervenções cruciais ao longo da partida. E quando não chegou na bola, os bolivianos erraram a mira e mandaram para fora ao menos duas boas oportunidades.
O bom jogo do Brasil
A proposta de Tite para o Brasil foi muito bem executada. A ideia era não colocar o pé no fundo do acelerador e diminuir a intensidade do jogo. A alternativa foi uma estratégia de manter mais a bola no pé, com passes curtos, sem bolas longas ou correria na ponta. Até por isso Coutinho foi escalado na meia esquerda. No primeiro tempo, ele por vezes fez a movimentação no meio-campo, trocando passes com Paquetá, deixando o time mais compacto. Mais à frente, a orientação foi ter Richarlison jogando mais enfiado, dando comprimento ao time – eis uma diferença da estratégia na vitória sobre o Chile, semana passada. É importante entender esses dois pontos para explicar os gols do Brasil.
No primeiro, Bruno Guimarães infiltrou entre os marcadores e achou um belo passe para Paquetá finalizar no canto. Esse avanço do segundo volante é treinado por Tite, sobretudo pensando no enfrentamento com equipes mais fracas, como a Bolívia. A vantagem aos 23 minutos do primeiro tempo deu ainda mais tranquilidade ao Brasil.
No segundo gol, uma finalização de Antony na ponta direita foi desviada pelo marcador e virou uma assistência para Richarlison, de cara para o goleiro, mandar para as redes. O Pombo estava tão cansado pelo pique e por acompanhar a jogada até o fim que precisou pegar um fôlego antes de completar a comemoração, já aos 44 minutos do primeiro tempo.
Tentativa da Bolívia, em vão, e o golaço da noite
A Bolívia começou com mais coragem no segundo tempo. A pressão nos minutos iniciais veio principalmente pelo alto, mas o Brasil se safou. A seleção, inclusive, passou a ter uma cara diferente porque Coutinho foi substituído aos oito minutos. Quem entrou foi Martinelli, que é mais ofensivo e um atacante mais vertical, pela ponta.
Foi ele quem roubou a bola que iniciou a jogada do terceiro gol brasileiro. A cavadinha de Paquetá veio na medida certa para o tapa de Bruno Guimarães. No ângulo. “Golaço”, Tite comentou à beira do campo, satisfeito com o que viu em campo.
Nos acréscimos, Richarlison ainda deu uma amostra de oportunismo e deu números finais à goleada do Brasil diante da Bolívia – mais uma assistência de Bruno Guimarães.
BOLÍVIA 0 x 4 BRASIL
Competição: Eliminatórias da Copa do Mundo do Qatar, 18ª rodada
Local: estádio Hernando Siles, em La Paz (BOL)
Data/hora: 29 de março de 2022, terça-feira, às 20h30 (de Brasília)
Árbitro: Eber Aquino (Paraguai)
Assistentes: Eduardo Cardoso e Milciades Saldivar (ambos do Paraguai)
VAR: Leodan González (Uruguai)
Cartões amarelos: –
GOLS: Paquetá, 23’/1ºT (0-1); Richarlison, 44’/1ºT (0-2); Bruno Guimarães, 20’/2ºT (0-3); Richarlison, 46’2ºT (0-4)
Bolívia: Cordano; Quinteros, Carrasco e Sagredo; Herrera (Yesit Martínez), Villamil (Ramiro Vaca), Villarroel (Jhon García) e Fernández; Chura (Franz Gonzales) e Henry Vaca; Marcelo Moreno. Técnico: César Farías.
Brasil: Alisson, Daniel Alves, Marquinhos, Éder Militão e Alex Telles (Guilherme Arana); Fabinho e Bruno Guimarães; Antony (Rodrygo), Paquetá (Arthur) e Coutinho (Martinelli); Richarlison. Técnico: Tite.
Fonte: Uol
Créditos: Uol