Desde sempre, as mulheres são diretamente afetadas quando se trata de padrão estético. E quando se fala sobre sexualidade, o que mais existe são regras de como uma mulher tem que se portar.
Não bastasse as tentativas de legislar sobre o corpo feminino como um todo, existe também uma discussão sobre o padrão da vulva. O debate que gira em torno da estética da pepeca foi reacendido por conta da declaração da life coach, Maíra Cardi, esposa do BBB Arthur Aguiar, que afirmou ter passado por uma cirurgia íntima.
O assunto é polêmico pois divide de um lado pessoas a favor da cirurgia íntima para questões de saúde e funcionalidade, e de outro, quem adere ao procedimento por puro desejo estético.
É importante destacar que o Brasil ocupa o primeiro lugar no mundo neste tipo de cirurgia. Os dados são de um levantamento de 2017 da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética. Esse número representa 1,7% das cirurgias estéticas realizadas no país.
Por isso, buscamos entender os benefícios dessa cirurgia, para quem e quando é indicada. E se interfere na vida sexual e no prazer da mulher.
Confira:
Não é apenas estética
A ginecologista Thalia Maia, do Grupo Elas, explica que a cirurgia íntima é indicada para questões funcionais e não apenas estética.
“Algumas mulheres apresentam dor por compressão, se sentem profundamente envergonhadas por grandes assimetrias ou hipertrofias indesejadas decorrente do uso de anabolizantes”, esclarece.
Para o ginecologista especialista em cirurgia íntima Paulo Guimarães, o procedimento melhora casos de candidíase recorrente e de infecção urinária. “E do ponto de vista psicológico há uma melhora no resgate da autoestima atuando no prazer, excitação e libido dessas mulheres. E ainda aumento da lubrificação e da sensibilidade”, reforça.
Mas e no sexo?
No entanto, vale ressaltar que em relação ao sexo, a aparência da vulva, fisicamente não causa interferência na hora “H”. Mas no sexo, o que construímos socialmente e nosso psicológico, também influenciam. A sexóloga Thalita Cesário chama a atenção para este fato:
“A vida sexual não depende da cirurgia íntima, uma vez que o sexo vai além de genital. A forma de estimular tem peso maior que a forma da vulva. Já a baixa estima pela insatisfação com a vulva, a necessidade de apagar as luzes por insegurança e a sensação dos lábios entrando no ato da penetração frequentemente geram redução da libido”.
Nesses casos, a cirurgia íntima entra para correção. Além disso, o clitóris aumentado pode apresentar muito atrito e dor na hora do sexual ou durante a simples tração na calcinha. “A paciente que tem esses impactos pode ter um ganho de qualidade sexual, sim”, afirma a ginecologista.
Por fim, é arriscado afirmar que toda mulher que faz um procedimento estético está sendo influenciada por pressão externa, mas é preciso lembrar que a educação pornográfica vende um estereótipo de corpos perfeitos e vulvas infantilizadas.
“Muitas mulheres se cobram também para alcançar um padrão estético genital específico e isso não tem nenhuma relação com o potencial de prazer que se pode alcançar”, finaliza Thalita.
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba