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Wellington, pai de Bruno, exerceu Senado com a morte de Humberto

O deputado federal Wellington Roberto (PL), que luta para eleger o filho, Bruno Roberto, como candidato ao Senado nas eleições deste ano, chegou a exercer o mandato senatorial por quatro anos.

 

O deputado federal Wellington Roberto (PL), que luta para eleger o filho, Bruno Roberto, como candidato ao Senado nas eleições deste ano, chegou a exercer o mandato senatorial por quatro anos. Ele era primeiro suplente do senador Humberto Lucena, reeleito em 1994, e foi efetivado no cargo após a morte do titular em abril de 1998. Em 2002, Wellington preferiu não arriscar uma candidatura à reeleição e partiu para disputar vaga na Câmara Federal pelo PTB, sendo vitorioso, consecutivamente, até 2018, com votações alternadas e filiado a legendas diferentes, como o PL e o PR. Atualmente, Wellington preside o diretório estadual do Partido Liberal e ganhou espaços com a filiação do presidente Jair Bolsonaro à legenda, depois de cerca de um ano sem partido.

Bolsonaro teve que se filiar a um partido para assegurar condições de elegibilidade ao postular a reeleição em outubro próximo. Ele chegou a fazer movimentos para voltar às hostes do PSL, pelo qual foi eleito em 2018, mas teve recusadas as exigências para controle absoluto da agremiação, com indicação de candidatos ao Senado e a governador nos Estados. De resto, o PSL acabou se fundindo com o DEM (Democratas) e agora formam o União Brasil, que desponta com uma das maiores bancadas na Câmara dos Deputados. O presidente da República, antes de se decidir pelo ingresso no Partido Liberal, cortejou a possibilidade de ingressar no Partido Progressistas (PP), ao qual foi filiado lá atrás. Mas o presidente do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto, que esteve envolvido no escândalo do “mensalão”, foi mais rápido e ofereceu autonomia plena ao presidente Bolsonaro, levando-o a, finalmente, se decidir.

O lançamento da pré-candidatura de Bruno Roberto ao Senado pelo PL foi comunicado a Bolsonaro durante recente visita-relâmpago que ele empreendeu à Paraíba, como escala do deslocamento a outros Estados do Nordeste. Na cidade de São José de Piranhas, terra natal de Wellington Roberto, onde inspecionou o andamento das obras do projeto de transposição das águas do rio São Francisco, Bolsonaro contactou com Wellington Roberto e com o comunicador Nilvan Ferreira, presidente estadual do PTB, que é pré-candidato ao governo do Estado. Nilvan informou que está decidido a disputar o Palácio da Redenção e prontificou-se a abrir palanque para o presidente da República na sua campanha por um novo mandato. O apoio do PL foi exibido como um trunfo, com a confirmação da pré-candidatura de Bruno Roberto. Teoricamente, Bolsonaro deu aval à chapa e prometeu conciliar sua agenda para vir à Paraíba.

Nilvan Ferreira e Bruno Roberto prometem massificar durante a campanha a divulgação de obras do governo de Jair Bolsonaro no Nordeste, especialmente na Paraíba. Eles afirmam, com a concordância do deputado federal Wellington Roberto, que governadores de Estados nordestinos que fazem oposição ao presidente Bolsonaro omitem as realizações do governo, embora sejam beneficiados colateralmente com o impacto das obras, e citam diretamente o próprio governador paraibano João Azevêdo, recém-filiado ao PSB, que é apoiador declarado da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Planalto. O palanque de Bolsonaro deverá contar com outros pré-candidatos ligados às forças conservadoras ou de direita, a exemplo do pastor Sérgio Queiroz, que se filiou ao PRTB para concorrer ao Senado e defende abertamente as bandeiras de Bolsonaro.

O deputado federal Wellington Roberto alinha-se no bloco dos políticos “pragmáticos” com assento na Câmara. Em 17 de abril de 2016, por exemplo, ele votou contra a abertura do processo de impeachment da então presidente Dilma Rousseff e em junho do mesmo ano apoiou o deputado Eduardo Cunha, presidente da Câmara, contra a sua cassação no Conselho de Ética da instituição. Wellington era apontado pela mídia sulista como integrante da “tropa de choque” de Eduardo Cunha, que foi quem deu partida ao processo de impeachment de Dilma Rousseff, afinal materializado. O curioso é que, enquanto Wellington votou contra a abertura do impeachment, o deputado federal Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), que havia sido ministro das Cidades do governo Dilma Rousseff, votou favoravelmente, o que o colocou no índex da ex-mandatária e de lideranças proeminentes do PT. Aguinaldo Ribeiro tenta se viabilizar como pré-candidato ao Senado este ano, dentro do bloco de apoio ao governador João Azevêdo, competindo com o deputado federal Efraim Filho, do União Brasil.

Em relação ao senador Humberto Lucena, cuja cadeira Wellington Roberto assumiu com a vacância decorrente da sua morte, foi um dos mais destacados líderes políticos da Paraíba no cenário nacional. Por duas vezes foi eleito presidente do Congresso, derrotando os senadores Nelson Carneiro (RJ) e José Fragelli (MT). Humberto Lucena projetou-se nos trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte, que legou ao país a “Constituição Cidadã”, tal como descrita por Ulysses Guimarães, que era presidente da Câmara dos Deputados. Lá atrás, no regime militar, Humberto Lucena, como deputado federal, denunciou violações e arbitrariedades contra os direitos humanos, conquistando o respeito de seus pares, quer fossem colegas de trincheira ou estivessem em trincheira oposta. O parlamentar teve uma carreira política marcada pela longevidade – e morreu sem inscrever no currículo um posto que ambicionava, o de governador do Estado. Por vezes seguidas, Humberto abriu mão da candidatura ao governo para favorecer nomes de outros filiados como Antônio Mariz e Tarcísio Burity.

Fonte: OS GUEDES
Créditos: Polêmica Paraíba