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Rússia intensifica ataques na Ucrânia, e observadores acusam uso de bombas de fragmentação

Foto: Kiev – Umit Bektas/Reuters

Depois de uma madrugada de mais explosões em diferentes partes da Ucrânia nesta segunda-feira (28), as atenções no quinto dia de guerra no Leste Europeu voltaram-se a Gomel, pequena cidade da Belarus que recebeu enviados dos presidentes Vladimir Putin e Volodimir Zelenski em uma mesa de negociação.

Moscou e Kiev concordaram no domingo em se sentar para negociar, e o governo da Ucrânia chegou a dizer que a ofensiva russa contra suas principais regiões diminuiu o ritmo. Mas os relatos de ações militares brutais em cidades como a capital Kiev e Kharkiv, as maiores da Ucrânia, continuam se acumulando.

Ao menos 11 pessoas morreram nesta segunda durante bombardeios em Kharkiv, segundo Oleh Sinehubov, chefe da Administração Estatal Regional. Ele, no entanto, reconhece que as mortes podem chegar a dezenas. Até domingo (27), eram 352 vítimas civis em todo o país, incluindo 14 crianças, de acordo com o Ministério do Interior.

Segundo Sinehubov, forças russas estão atacando áreas residenciais de Kharkiv, onde não há posições do Exército ucraniano ou infraestrutura estratégica. “Isso está acontecendo à luz do dia, quando as pessoas vão à farmácia, para fazer compras ou beber água. É um crime”, disse.

Grupos de direitos humanos, como as ONGs Human Rights Watch (HRW) e Anistia Internacional, apontam que a Rússia está usando bombas de fragmentação nos ataques. Esse tipo de munição libera projéteis menores no ato da explosão, amplificando a área de dano e, por consequência, o risco de mortes e ferimentos.

Além disso, alguns desses projéteis podem atuar como pequenas bombas que, se não detonadas de imediato, tornam-se, na prática, uma espécie de mina terrestre —prolongando, portanto, o tempo de exposição aos riscos nas áreas atingidas.

“Este ataque ilustra claramente a natureza inerentemente indiscriminada das munições de fragmentação e deve ser inequivocamente condenado”, disse Mark Hiznay, diretor associado da divisão de armas da HRW, em entrevista ao jornal americano Washington Post.

Em 2008, governos nacionais e entidades como a Organização das Nações Unidas e a Cruz Vermelha formaram uma coalizão que, entre outros protocolos, decidiu por proibir o uso, a produção, o transporte e o armazenamento das bombas de fragmentação.

De acordo com a última versão do relatório anual da coalizão, Rússia, Ucrânia e EUA, protagonistas do conflito vigente, estão entre os países que não aderiram às diretrizes contra as bombas de fragmentação. O Brasil também não é signatário e aparece no documento como um dos 16 produtores mundiais desse tipo de munição.

Fonte: Folha de São Paulo
Créditos: Folha de São Paulo