A Banana Comeu o Macaco !

Bruno Filho

Esta coluna será feita com o coração em homenagem ao meu filho Luti. Todas as vezes que recebo notícias de chuvas em São Paulo e percebo a preocupação da programação da CBN em reportar ao ouvinte, me preocupo demais e como um pai cuidadoso e ” chato ” corro atrás de minhas “crias” claro.

Como se pudesse fazer alguma coisa estando 3000 km longe do local, ligo para meus filhotes, e encontro meu primogênito sozinho em seu carro rumando para o…Pacaembú ! A cidade toda alagada e o coração palmeirense falando mais forte. Certamente lá não estará sozinho, encontrará outros “palmeiristas” de quatro costados. O Pipo certamente é um deles.

Longe de estar humilhado pelas quedas sucessivas, ele se mostra consciente das dificuldades, porém, fiel ao seu sangue italiano da “Caetano Pinto”- rua tradicional dos “palestrinos”- brinca por alguns minutos e segue seu caminho. Eu desligo o telefone e imediatamente penso no que viria pela frente.

Estréia de 2 brasileiros na Libertadores. Um deles com uma Arena moderna, que recebe 45 mil torcedores “castelhanos” e ditos imortais, cheia de pompa e com uma folha de pagamento que ultrapassa os 20 milhões de reais. Uma seleção comandada pelo insuperável Vanderlei Luxemburgo, que para mim, para o Dalmo e o Tatá é o Gabirú ou o Madureira.

Sinal de goleada à vista. Huachipato com todo o respeito é o Ibis da Libertadores. Nada disso. Vence o Grêmio dentro de campo, com propriedade e ponto final. Vejam como o futebol é caprichoso, apronta coisas que só acontecem neste esporte que completa 150 anos e completará 1.500.

Grêmio x Huachipato no Volei seria 3 x 0. No tênis 2 x 0 com parciais de 6/0 e 6/1 e no basquete vou arriscar um 125 x 68 com direito a “chocolate”. Mas não no futebol. Nas quatro linhas não funciona desse jeito tão simples. Para vencer, tem que jogar e não apenas entrar em campo.

Saio do primeiro espetáculo e entro no segundo. Pacaembú, molhado, diriamos encharcado mas recebendo um bom público. A folha de pagamento já diminuiu em relação a Porto Alegre. Hoje não chega nem a 5 milhões, e do lado de lá uma equipe que se não é extraordinária tem mais tradição do que a outra citada.

Não é que o Palmeiras vence ? E joga bem. Passa pelos peruanos do Sporting Cristal e assume a liderança de seu grupo. Dentre os torcedores lá está Lutinho, e eu vibro na minha cama com a felicidade que meu filho, tão tristonho nos últimos meses com a bola, deve estar sentindo. Caiu para a segundona até no samba…é dose para mamute.

Levanto da cama e me ponho a escrever que é, além de minha obrigação como jornalista, uma forma de me aproximar dos meus. Não importa a hora, tudo surge pronto em minha mente. Dou risada sózinho pois na verdade ” a mortadela pulou da máquina”, frase que denota os inversos.

Preferi a da banana, que também aprendi com minha vivência dentro do futebol. E essa foi uma banana especial, pois de um lado tinhamos Elano, Zé Roberto, Vargas, Marcelo Moreno, o famoso pirata Barcos, fora os que ainda estão sem condições de jogo, como Kleber o encrenqueiro gladiador.

Do outro lado…João Denoni, Patrick Vieira,Mauricio Ramos, Marcio Araujo,Vinicius e mais um monte de desconhecidos da grande maioria. No banco o caipira Gilson Kleina que apanha mais que “charuto na boca de bebado”. No outro banco o internacional Vanderley.

Só que eu me esqueci de escrever uma coisa…no lado verde nós tinhamos o Luti e sua espetacular fidelidade, ou alguem quer experimentar andar em São Paulo num dia de alagamento ? E tinhamos também o “Papai”, coruja ao extremo, mesmo que seu filho seja um homem de 27 anos de idade. Dá-lhe Palmeiras…grito de um Pai-Corintiano !

Bruno Filho, jornalista e radialista, sem palavras…

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