Apesar da péssima receptividade que tenho tido por parte dos bajuladores do governo de plantão, não me escondo e permita-me dizer em alto e bom som que sou solidário ao movimento dos professores do nosso estado, que lutam para que o governo “republicano” cumpra algo que já é lei, que já foi até referendado pela instancia máxima da nossa justiça.
Os nossos mestres não estão cometendo nenhum crime; não extrapolaram nenhum dos preceitos constitucionais. Quem descumpre a lei está do outro lado, do lado do poder, que deveria existir para promover o bem público.
Ao contrário disto, quem está sentado na cadeira de mandatário maior do estado e das finanças públicas, trata-os como vândalos, desertores da ordem e são tolhidos à base de empurrões, humilhações, descontos nos parcos salários e retaliações.
Ricardo deve estar com a consciência pesada e acho que não consegue dormir em paz desde o dia em que assumiu o poder. Digo isto, porque lembro muito bem que um dos seus principais atos em relação ao magistério, foi suprimir, de forma unilateral, várias conquistas e direitos adquiridos ao longo dos últimos anos.
Ricardo deve estar passando por um momento de crise de existência, uma vez que de uma só canetada, no inicio do seu governo, não pensou duas vezes antes de demitir milhares de professores contratados, sob o argumento de enxugar a máquina pública e colocar em ordem as finanças do estado.
Ricardo, nega seu passado de grande líder dos movimentos sociais reivindicatórios e não tem nenhuma cautela quando decide que não deve negociar com grevistas, seja qual for a categoria.
Ricardo ignora os que protestam, faz ouvido de mercador para os reclames da sociedade, incorpora um verdadeiro trator e passa por cima de todos aqueles que ousam em lhe desafiar ou discordar do seu jeito de governar.
Ricardo parece que esqueceu como nossos guerreiros mestres ministram suas aulas aqui e acolá, formando cidadãos para a vida. Ele torce o nariz para uma realidade nua e crua.
Para Ricardo, parece que não basta trabalhar, na maioria das vezes, usando apenas um “quadro negro” em decomposição pelo efeito do tempo, auxiliado por um pedaço de ‘giz’ em pouca escala. É preciso também negar o direito já garantido de um salário melhor.
Para ele, não basta tão somente passar grande parte da vida estudando para lecionar e formar cidadãos, tendo que trabalhar em escolas com pouca estrutura, sem os mecanismos que a tecnologia oferece nos dias de hoje. É preciso também negar o direito já garantido de um salário melhor.
Ricardo acha pouco o que muitos dos nossos mestres são obrigados a enfrentar. Andam quilômetros todos os dias para chegar até o local de trabalho, na zona rural. É preciso também negar o direito já garantido de um salário melhor.
O “novo” governante não se importa com muitos professores que ministram suas aulas em escolas que não tem cadeiras para que alunos aprendam de forma comportável. Muitas destas escolas não têm sequer água de beber e que na época do inverno chove mais dentro do que fora, devido ao péssimo estado de conservação das unidades de ensino. Mas isso é muito pouco. É preciso também negar o direito já garantido de um salário melhor.
Nossos mestres podem até ser tratados como vândalos pelo governo, sofrer os empurrou e pancadas que nos lembram os tempos negros da ditadura militar. Mas, o que não podem usurpar é o sagrado direito de cobrar o cumprimento da lei, que pode garantir avanços significativos para uma camada fundamental do nosso estado.
O que não pode faltar é o respeito àqueles homens e mulheres que já estão recheados de cabelos brancos, também originados pelo sofrimento da profissão, pelo constrangimento de trabalhar o mês inteiro e não conseguir saldar os compromissos, devido aos baixos salários.