O Futebol e Suas Leis

Bruno Filho

Algumas peculiaridades na vida seguem um rumo diferente, dependendo de onde deverão ser aplicadas. As leis do futebol são completamente distintas daquelas que usamos no dia a dia. Coisas que “podem” na vida terrena, não “podem” no futebol, assim fica mais fácil entender. Vou tentar explicar algumas já que convivo com este mundo desde 1965, e bem de pertinho.

Primeiro exemplo: no futebol não pode haver “cusparada” de forma nenhuma. O jogador pode lhe dar uma entrada violentíssima sob pena de lhe quebrar a perna, mas não pode nunca lhe cuspir. É um pacto que existe dentro do campo e quando não é respeitado acaba em grande confusão, pode ser aqui, ali ou na China, funciona do mesmo jeito.

Segundo exemplo: embora seja muito bonito, o drible deve ser dado sempre para a frente, em progressão. Não se deve fazer ou tentar fazer “embaixadinhas” na frente de seu companheiro de profissão, colocando bolas no pescoço, no lombo ou estacioná-la em uma das orelhas. Se voce fizer isso, leva pau de verdade, sendo voce o Zé de qualquer lugar ou o Neymar. Lugar de foca é no circo de animais amestrados. Lei da bola.

Terceiro exemplo: se tiver oportunidade goleie seu rival por 100 a 0, mas não tente nunca colocá-lo na “roda”, o famoso “olé”. Não faça isso, pois se ele tiver um revolver descarrega em cima de sua cabeça. É estupidez ? Sem dúvida nenhuma, mas o futebol que tanto adoramos é assim, seja praticado no Estádio da Graça ou no legendário Wembley.

Poderia escrver aqui mais 50 regras, mas acho que já deu para perceber aonde quero chegar. Os que me acompanham sabem da minha resistência a certos nomes que são mais “manchetes do que notícia” como sempre digo. O lance refere-se claro a Ronaldinho Gaúcho, outra vez protagonista de um caso raro que deu certo para sua equipe.

Tem uma palavra que na Paraíba é muito mais pesada do que do lugar que eu venho, não gosto de usá-la mas vou subentendê-la. O “dentuço” foi digamos “esperto” demais e não deveria. Usou de uma má fé sem tamanho no lance do gol do “Galo” contra o São Paulo. Nunca poderia tirar proveito de uma situação em que foi pedir agua a um colega de profissão.

Rogério Ceni perdoou…eu não perdoo. Não adianta vir com aquela fala mansa e aquela cara de santinho pois tenho certeza da dissimulação do problemático irmão de Assis. Tudo premeditado. Malandragem pura e o experiente goleiro-artilheiro entrou nessa “barca furada”. Foi cavalheiro até na ajuda que deu ao R10 tirando a garrafa de sua mão e fazendo questão de devolvê-la ao local exato aonde deveria ficar.

Ceni é metódico, Faz a mesma coisa desde 1990 quando começou. Gosta de tudo arrumadinho e no lugar certo. Coisa de capitão mesmo. O outro não, malandro,com carinha de santo. Foram campeões mundiais juntos. São colegas de profissão. Rogério foi enganado, ultrajado e desrespeitado. Mesmo assim manteve-se calmo e disse que a culpa foi dele. Não foi.

O mundo dá muitas voltas. Esperem e verão que deverá ter troco. Não será dado pelo goleiro, talvez nem pelo São Paulo que no jogo mereceu perder. Será dado pela própria vida. Todo o dinheiro do mundo não compra caráter. A bola exige muito mais que uma feição angelical para enganar os incautos, não a mim que sou “macaco velho” de gramado e de microfone.

Atitude ridícula e pequena desse milionário jogador que ainda consegue enganar. Deveria ter vergonha e pedir desculpas a todos os torcedores do Brasil e do mundo, pois além de passar para trás um ícone da história, protagonizou uma cena de churrasco de empresa, daquelas de casados e solteiros correndo mesmo pelas linguiças e pelas caipirinhas.

Andamos muitos passos para trás nas vésperas de uma Copa do Mundo, mostrando de novo que não somos confiáveis. Muitas risadas foram dadas e tenho certeza que milhares apoiaram a atitude cultuando o famoso…”quanto mais malandro melhor”…contudo na bola não funciona desse jeito. Tenho certeza que o ídolo do Atlético não está dormindo bem. Ele sabe que errou.

Por incrível que possa parecer o mundo das quatro linhas não tem lugar para os “malas”. É exatamente o contrário ? Nada disso, é assim mesmo que funciona, dentro de tudo aquilo que conhecemos e tiramos de conclusão posso garantir que somos milhões de “Garrinchas” em campo. Jogador de futebol na verdade é um grande ingênuo, nada mais do que isso. Se você joga ou já jogou futebol, sabe que tenho razão.

Bruno Filho, jornalista e radialista, enojado com essa atitude. Coisa feia !

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