Há Algo de Errado...

Bruno Filho

Com estranheza o mundo recebeu a notícia vinda do Vaticano de que o Papa Bento XVI desistiu de continuar à frente da Igreja Católica, como legítimo representante de Pedro, ele que comanda mais de 1 bilhão e 200 milhões de fiéis em todo o planeta. E não é sem razão que surgem estas especulações, pois a última vez que isso aconteceu foi 598 anos atrás.

Desde Gregório V os católicos não conviviam com uma situação semelhante e claramente as explicações dadas por ele próprio e por seus assessores não convencem por completo. Não estou de forma nenhuma querendo desmerecer ou desmentir as razões apresentadas pelo Sumo Pontífice, mas já vi em outras situações recentemente, casos muito piores.

A doença de João Paulo II, o Papa que mais se aproximou e agradou a cultura brasileira e o mais querido por todos nós, parecia muito mais grave e era. Nos seus últimos dias o falecido polonês não tinha forças nem para assinar ou ao menos ler um papel. Mesmo assim ele não desceu da Cruz. É de se esperar atitudes diferentes de pessoas diferentes, que ocupam posições diferentes.

Infelizmente o que se espera do Papa não é o mesmo que se espera de um cidadão comum. Para simples mortais como nós o Papa deve ir até o final, e só ser superado ou vencido por aquela que é implacável e que não perdoa: a morte. Foi assim durante séculos e séculos. O Papa para nós só sai de seu trono sagrado quando passar para o outro plano.

Por este motivo deve haver alguma coisa maior do que a doença, que repito, não discuto a gravidade pois não sou e nem pretendo ser médico. Parece a mim que ele sofreu pressões tão grandes vindas de dentro da própria Basilica de São Pedro e não pode suportar. Sua clara visão de contrariedade ao aborto, sua pouca aceitação as minorias contribuiram em piorar as coisas.

As denúncias do ex-mordomo também pesaram bastante e em 7 anos e alguns meses sua relação com a Igreja como um todo se deteriorou. O fato de renunciar não lhe tira o direito à humildade, o que quero deixar claro é que há algo de errado, e o tempo dirá o grau desse erro, pode durar mais alguns séculos, mas um dia uma “nova verdade” aparecerá.

O que sei como cristão e católico é que a Igreja perde com isso tudo. O Papa é sinônimo de força e abstinência, por ser Papa. É único. Ele deve ser sempre mais forte do que os mortais que o seguem. A mão que ergue, abençoa, a que se levanta da cadeira e se retira, assusta. O ser humano é fraco e carrega sempre na mente a imagem de Jesus Cristo pregado na Cruz.

Automaticamente o chefe da Igreja que comanda seu rebanho deve ser forte. Deveria…imagino ser esta a conjugação correta do verbo. Então, o descrédito aparece, as duvidas surgem e o sofrimento pela resposta se propaga pelo mundo. Este alemão extremamente inteligente e culto que comanda até o final deste mês a nossa Igreja, se rendeu.

Com todo o respeito aos milhões que como eu misturam fé com sofrimento, apenas quero explicar que é natural ser assim. Nós não estamos errados, não vou afirmar que ele está. Respeito a sua dor. Contudo, vou aguardar, meu corpo se enfraqueceu com esta atitude, meus pensamentos se misturam e sinceramente não encontro uma explicação.

Espero que fique por aí mesmo. Que seja esta explicação que foi dada pela Santa Igreja a pura verdade, porém suspeito que há algo de podre no Reino do Vaticano, que as coisas não estão lá pelos melhores dias na Praça de São Pedro. Quem sou eu ? Apenas um simples cristão temente a Deus, mas o mundo me fez ficar assim, desconfiado. Para os meus… Papa é Papa até o final, custe o que custar.

Bruno Filho, jornalista e radialista, assustado e temeroso.

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