Há vários anos que ouvimos ou lemos, como declaração de agentes públicos municipais, que “precisamos preparar João Pessoa para 1 milhão de habitantes”. Mais recentemente, no jornal A União de 11 de fevereiro em curso, lemos que, em reunião sobre o novo Plano Diretor, os atuais dirigentes municipais destacaram que “agora devemos preparar João Pessoa para 1,5 milhão de habitantes”, acrescentando que “é necessário que a cidade seja pensada para o futuro, para a frente, e, consequentemente, adotadas medidas compatíveis com o momento”.
Não particularmente em relação a esta última projeção (1,5 milhão de habitantes), mas, desde o censo 2000 (quando foi registrada uma população de 597 mil pessoas em João Pessoa), as declarações de que “vamos preparar a cidade para 1 milhão de habitantes” pareciam cheias de regozijo, como que esse aumento populacional, por si só, pudesse representar um fato positivo. Como expresso no título destes escritos: “isto é bom?!… Ou é ruim?!…
Do próprio prefeito pessoense, Cícero Lucena, em “bate-papo” de hora de almoço em um dos Encontros de Casais com Cristo – ECC (que ele e a esposa Lauremília são muito participativos desde fins dos anos 80), dele ouvimos que ele, Cícero, então Senador, assistira lá no Senado Federal uma palestra de renomado urbanista (que ele citou o nome, mas agora não nos lembramos) demonstrando que toda cidade, depois de ultrapassar os 600 mil habitantes, em geral fica praticamente descontrolada no que diz respeito ao seu desenvolvimento com preservação dos meios de qualidade de vida.
A propósito, é oportuno que aqui lembremos uma participação na Câmara Municipal de João Pessoa do economista Rômulo Soares Polari (o ex-Reitor da UFPB), que à época aqui lembrada estava como Secretário da SEPLAN-JP. Aos vereadores pessoenses ele enfatizou que, comparando os dados dos censos 2000 e 2010, João Pessoa teve um aumento populacional superior a toda uma cidade de Patos (João Pessoa saíra de 597 mil para 723 mil habitantes, diferença de 126 mil habitantes, enquanto que a “morada do sol” registrava uma população de 100 mil pessoas). Ele, Rômulo Polari, como que concordante com aquele urbanista aqui já reportado e ao qual o prefeito Cícero Lucena referiu-se relativamente ao quantitativo populacional frente ao desenvolvimento com preservação dos meios de qualidade de vida, ele – Polari – discorreu sobre as dificuldades que a capital paraibana já enfrentava diante desse crescer, crescer, crescer… populacionalmente, enquanto outras cidades paraibanas vão ou permanecem com o mesmo quantitativo ou até diminuindo! Polari, lá na Câmara Municipal, foi levado a também enfatizar a necessidade da interiorização do desenvolvimento da Paraíba como forma de preservar os tantos interioranos que migram para a capital, João Pessoa, por falta de oportunidades de trabalho e consequentemente de renda para manterem-se nas cidades de origem e que muito gostariam de nelas continuarem residindo!
Não vai aqui qualquer crítica técnica aos agentes da Prefeitura da capital paraibana por chamarem a atenção de que “agora devemos preparar João Pessoa para 1,5 milhão de habitantes” e que “a cidade precisar ser pensada para o futuro, para a frente, adotando-se as medidas compatíveis com o momento”. Enquanto agentes específicos da Prefeitura de João Pessoa, não! Entendemos, porém, que por iniciativa da própria Prefeitura ou por iniciativa do Governo do Estado, uma mais ampla e melhor reflexão precisa ocorrer especialmente colocando em questionamento as perguntas do título destes escritos: JP com 1,5 milhão de habitantes, isto é bom?!… ou é ruim?!… Por consequência, que essa reflexão também traga sugestões quanto ao “o que fazer?!…”.
Como o espaço já está mais que preenchido, posteriormente voltaremos ao mesmo assunto com uma parte II.
Fonte: Mário Tourinho
Créditos: Polêmica Paraíba