Resolvido De Verdade? Nada...

Bruno Filho

Desde o dia 23 de Dezembro, ou seja 52 dias terão passado até a quarta-feira de cinzas, tivemos centenas de assuntos na mídia paraibana, porém de bom e resolvido quase nada. Procure por aí algo que tenha melhorado a sua vida neste período que envolve o ” dolce far niente” do brasileiro.

É Natal, enroscado com o Reveillon, na sequencia o enfadonho mês de Janeiro que por sua vez se liga ao Carnaval, fase pré, portanto começa bem antes dos 4 dias oficiais. Com isso 15% do ano vai embora e a gente nem percebe. Gastos em cima de gastos dominam amplamente a situação.

Nestes longos dias nós falamos de papel higiênico caro, toneladas de lagosta, carne e camarão, falamos também de farinha láctea, citamos calcinhas, corremos atrás de culpados sobre o pouso forçado de um avião, aliás assunto que morreu rapidamente. Procuramos por uma menina que infelizmente sumiu e ninguém tem notícia de nada.

Debatemos o assunto do Rio Jaguaribe, e até agora não se sabe se é dragagem e desassoreamento ou se é aterro do leito do rio. A briga continua até que cheguem as chuvas de março e aí sim saberemos quem tinha razão. Diplomamos na verdade um monte de gente assumindo inúmeros novos cargos também.

Festa atrás de festa, todo mundo querendo falar ou agir sobre algo que lembre a sêca, colhendo vagos kilos de alimento aqui e alí que nem sei se chegam ao destino, aonde água que é bom não tem. Nem caminhão-pipa e nem cisterna. Transposição então, esquece. Abaixo assinado tem de monte.

Perdemos alguns dias discutindo se a Presidente Dilma vem ou não vem. Um dia ela vinha, no outro não vinha mais, de repente vem de novo. Recebemos a visita do novo presidente da Camara dos Deputados que correu atrás de votos e parece que conseguiu. Foi eleito e está lá, bem do lado de Renan Calheiros.

E dá-lhe festas ! Uma atrás da outra. Milhares de pessoas hipnotizadas pelas ruas divertindo-se muito, graças a Deus. As praias lotadas, graças a Deus. O Sol brilhando muito, graças a Deus. Muita comida e muita bebida, graças a Deus. Condenados do “Mensalão”, em liberdade.

Enquanto isso… noticiamos todos os dias em média a morte de 6 jovens por causa das drogas. Em cada noticiário, pelo menos 6 reclamações de falta de medicamentos nos Postos de Saúde. Assaltos ? 6, em média em bancos, postos do Correio, e caixas eletronicos.

Lotamos nossas páginas com discussões paralelas de políticos para saber quem era o responsável por um lixo de 3 meses nas ruas, quem deixou cofres vazios, quem deixou de pagar folhas de salários, quem não pagou a conta de luz e de água…quem isso, quem aquilo…

Em outros lugares, quem é ficha limpa, quem é ficha suja, que não cumpriu e está na Lei das Improbidades e será punido, aonde estão as soluções ? Vamos torcer que a partir da segunda-feira dia 18 e ai já serão 57 dias de morbidade, possamos voltar a viver.

Pelo amor de Deus, antes de Junho vamos fazer alguma coisa pelo povo, alguma solução, pois a partir do dia primeiro daquele mes será a vez do São João, e então mais 45 dias de paralização em tudo, ou seja, vão embora mais 12% do ano.

Juntam-se a isso os 30 dias do mês de férias de Julho, e vão embora mais 8%. Total 35% do ano se passa e a única coisa que não para é o nosso dinheiro se esvair do bolso, com IPVA, IPTU, Seguros, Licenciamentos,Escolas, Materiais, esses não esperam um dia sequer. Saúde, educação e segurança também não.

Prerrogativa do Brasil…poucos dominando a vida de muitos e dessa maneira manipulando mesmo que sem intenção precípua o direcionamento do destino das pessoas. Desesperador, mas em alguns momentos cômicos, quem sabe rindo se viva melhor, talvez, uma questão de costume.

Bruno Filho, radialista e jornalista, preocupado pois o ano voa e não espera, infelizmente.

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