Seremos o "México de 70" ?

Bruno Filho

Parece até que vou me referir ao tri-campeonato conquistado pelo Brasil em terras mexicanas com a Seleção Brasileira que eu considero a melhor que já tivemos nos quase 100 anos de existência. Mas não será por este prisma a linha do raciocínio, absolutamente. Será exatamente o contrário, vou analisar o México dono da casa, aquele que foi o anfitrião.

Lembro-me bem pois acompanhei a competição inteirinha desde a sua primeira partida jogada entre o México e a União Soviética até seu jogo final que reuniu o Brasil e a Itália. Vi grandes espetáculos e maravilhosos jogadores e expectativa de que no seu gigante Estádio Azteca o representante da América Central seria simplesmente imbatível.

Não foi isso que aconteceu. Os locais ficaram logo pelo caminho e abriram espaço para as grandes equipes do mundo. Antes de me considerarem um louco desvairado, quero deixar claro que não estou comparando O México com o Brasil. Claro que são situações de time diferentes. Afinal somos 5 vezes campeões do mundo e eles nenhuma vez.

O que desejo escrever é sobre a fase que antecede a realização. Muitos Estádios construidos, outros reformados, turistas que não acabam mais, grandes passeios por lindas praias, centro das atenções e futebol que é bom, nada. Estamos numa fase ruim, vivemos nossa pior classificação no ranking mundial e sem perspectivas de melhoras de imediato.

Nossa geração é pródiga, mas não desata. Se misturarmos com os veteranos de outras Copas do Mundo melhora um pouco, mas inibe os jovens atletas. Cito alguns que estão amarelos jogando como titulares. Neymar, Oscar, Lucas e Ganso são os primcipais que sofrem. Os veteramos como Ronaldinho Gaucho e Kaká ídolos da maioria infelizmente atrapalham.

Não sei se Felipe será atingido por este pensamento. Penso até que não, já que ele considera-se inatingível a criticas. Defende-se como ninguém e ainda tem a retaguarda forte de Parreira, este homem de caráter ilibado que nunca foi visto em meio a declarações polemicas, desagregadoras e que possam atingir os poderes maiores.

Vou aqui profetizar, gosto de palpites embasados e nem tenho medo de dá-los. O Brasil independentemente do grupo em que estiver, passa da primeira fase ficando entre os dois primeiros, enfrenta um adversário nas oitavas de final e passa também, e aí morre nas quartas-de-final, mais ou menos parecido com o que aconteceu na Alemanha de 2006, a derrota para a França.

Em Copas do Mundo não vale muito o fato de jogar em casa, vamos analisar ? O Uruguay de 30 era absoluto e a Copa só contou com 13 participantes, muitas forças não compareceram e a “Celeste” era bi-campeão Olímpica na ocasião. Em 34 na Itália, os donos da casa ganharam já com a influência política do Fascismo de Benito Mussolini. Em 38 na França, deu Itália de novo.

Em 50 no Brasil, derrota para os uruguaios. No ano de 54, Suiça o local e campeã a Alemanha. Suécia em 58, campeão Brasil. 62 no Chile , campeão Brasil. Em 1966 voltamos a ter donos da casa com a taça, mas daquele jeito…gol na final que até agora não se sabe se aconteceu de verdade, validado pelo bandeirinha soviético, suscita duvidas até hoje.

No México, 70, deu Brasil. Em 1974 a primeira vez que ocorreu tudo de forma lícita, pois a Alemanha foi soberba até na hora de derrotar a decantada Holanda. No ano de 1978, nem vou comentar, a vergonha imperou na Argentina e os fatos são tão gritantes que os próprios portenhos se envergonham da maneira como foi feito o desenlace.

Em 82, na Espanha deu Italia. Já em 86 no México a Argentina é que “sobrou” e ganhou. No ano de 90 a Italia cedeu e quem ganhou foi a Alemanha. No ano de 1994, a casa dos Estados Unidos e o triunfo do Brasil. Nos campos franceses de 98 mais uma história fantasiosa e a França superando o Brasil na final, com uma enormidade de boatos.

Asia e o ano 2002, deu Brasil. Europa de volta em 2006 e a Alemanha deixou escapar, quem ganhou foi a Italia. Em 2010, claro que não se esperava que a Africa do Sul fosse a campeã. então quem venceu foi a Espanha. O resumo é que nem sempre o caseiro é obrigado a vencer, só que no Brasil isto torna-se inaceitável, mas não é não, coloquem na cabeça que pode acontecer um reverso.

O tempo está passando depressa e não consigo me convencer com essa equipe, precisariam muitas mudanças para que isso me fizesse mudar de idéia. Tenho comigo que time bom nasce feito e que gerações inteiras de jovens não resolvem. Os grandes campeões mundiais sempre tiveram esse laurel na segunda oportunidade. A primeira experiência amarga, a segunda sim tiro no alvo. Teremos time para a Russia de 2018. Escrevam e guardem.

Bruno Filho, jornalista e radialista, imagina uma tristeza enorme nesse Copa, e quer “queimar” a língua.

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