Ninguém sabe ao certo quem foi a primeira mulher a desamarrar o sutiã nas praias do Rio, mas vez ou outra o topless ganha destaque e vira polêmica. Dessa vez, o assunto girou em torno da produtora Ana Beatriz Coelho, que foi detida e levada para uma delegacia por ficar com os seios à mostra no litoral do Espírito Santo. Ela chegou a ter algemas colocadas nos pés. Revoltado com a história, o deputado estadual Carlos Minc (PSB) apresentou um projeto de lei para que o ato de ficar nu na parte de cima em áreas públicas não seja considerado “obsceno”.
— Fiquei muito revoltado. Uma mulher fazendo topless não pode ser algemada. Tentaram enquadrá-la no artigo da Constituição que fala sobre atos obscenos. Mas não há lei que coloque o topless como ato obsceno. Obscenidade está na cabeça dos moralistas — explica o parlamentar, destacando a tradição legislativa de defender a liberdade: — Tenho projetos a favor do naturismo e, há pouco tempo, ajudei a barrar uma lei que proibiria o aleitamento em local público, também classificando essa atitude belíssima como ato obsceno. O projeto abre uma discussão mais ampla.
— Uma coisa é a pornografia, algo obsceno. Outra é uma moça numa praia fazer topless. Pelo amor de Deus… A liberação não é apenas para as praias. A ideia é desconsiderar que esse ato seja enquadrado como crime obsceno.
A professora e pesquisadora Maria Carolina Medeiros aponta ser complicado reduzir a questão a isso e achar que os problemas das mulheres serão resolvidos desta maneira em meio a uma “sociedade atual machista e misógena”.
— É preciso problematizar por que o corpo da mulher é facilmente sexualizado e identificar em quais circunstâncias o ele é bem visto nu ou não. O topless incomoda porque está relacionado à liberdade da mulher que decidiu, do jeito dela, que prefere tomar sol daquela maneira. A nudez feminina só é exaltada quando ela tem a finalidade do prazer masculino. Na praia, quando não há essa intenção, a nudez vira um grande problema — argumenta Maria Carolina.
Fonte: Globo
Créditos: Globo