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Bolsonaro diz que eleições serão limpas, mas volta a atacar urnas sem prova

Desde a adoção das urnas eletrônicas no Brasil, em 1996, nunca houve comprovação de fraude nas eleições.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que as eleições de 2022 serão “limpas” porque as Forças Armadas irão participar de “todo o processo eleitoral”, porém indicou — mais uma vez sem apresentar provas — que existiriam supostas “fragilidades” no sistema. Desde a adoção das urnas eletrônicas no Brasil, em 1996, nunca houve comprovação de fraude nas eleições.

“Teremos eleições limpas e transparentes, pode ter certeza disso”, disse o mandatário, em entrevista coletiva ao lado da equipe médica responsável por seu tratamento. Ele teve alta médica na manhã de hoje do Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, após um quadro de obstrução intestinal.

Segundo Bolsonaro, o Ministério da Defesa fez questionamentos ao ministro Luís Roberto Barroso, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), sobre “fragilidades da urna eletrônica”.

Estamos aguardando a resposta do TSE e do senhor ministro Barroso. Pode ser que nos convença que estamos errados.
Agora, se nós não estivermos errados, pode ter certeza que algo tem que ser mudado dentro do TSE.
 Jair Bolsonaro

“E não vai ser com bravata, de quem quer que seja no Brasil, que nós vamos aqui aceitar o que querem impor à nossa população. O brasileiro merece eleições limpas e transparentes e ninguém é dono da verdade no nosso país. Então a lei será cumprida e teremos eleições limpas e transparentes, pode ter certeza disso”, acrescentou.

Acusações sem provas contra as urnas

Durante vários meses no ano passado, até os atos de 7 de setembro, Bolsonaro fomentou dúvidas sobre as urnas eletrônicas, pediu a aprovação do voto impresso e chegou a insinuar que não haveria eleições em 2022 se o voto impresso não fosse aprovado. A insinuação infundada é a de que poderia haver fraude nas atuais urnas com finalidade de derrotá-lo.

Pressionado pelos partidos do centrão, que passaram a compor sua base, o presidente baixou o tom e passou a dizer que as eleições seriam seguras depois que as Forças Armadas foram convidadas a participar do grupo formado pelo tribunal.

Nunca houve comprovação de fraude nas eleições desde a adoção das urnas. Essa constatação foi feita não apenas por auditorias realizadas pelo TSE, mas também por investigações do MPE (Ministério Público Eleitoral) e por estudos independentes.

Além disso, as urnas eletrônicas são auditáveis e este procedimento é feito durante a votação. O processo é chamado Auditoria de Funcionamento das Urnas Eletrônicas (ou “votação paralela”). Na véspera da votação, juízes eleitorais de cada TRE (Tribunal Regional Eleitoral) fazem sorteios de urnas já instaladas nos locais de votação para serem retiradas e participarem da auditoria.

Em uma live realizada em julho do ano passado, o presidente mentiu ao alegar fraude nas eleições com a urna eletrônica. Bolsonaro reciclou uma série de boatos já desmentidos, além de levantar suspeitas infundadas sobre os resultados de eleições anteriores.

Em agosto, a Câmara rejeitou proposta que pretendia incluir um módulo de voto impresso ao lado das urnas eletrônicas a partir das eleições deste ano.

Naquele mês, Barroso, e o ministro da Defesa, Braga Netto, debateram a indicação de um nome das Forças Armadas para uma comissão de transparência das eleições do TSE. O ex-ministro da Defesa Fernando Azevedo e Silva, general da reserva, assumiu o cargo de novo diretor-geral do TSE.

De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, nas primeiras declarações dadas desde a indicação ao cargo, Azevedo fez afirmações sobre a efetividade das urnas eletrônicas.

Fonte: UOL
Créditos: UOL