Paulo Santos

É comum, algum tempo depois das eleições, encontrar eleitores frustrados com aqueles que receberam seus votos. O sentimento comum é de que foram enganados, ludibriados. E isso, hoje, é quase rotina. Poucos são os políticos que sabem retribuir a confiança do povo com trabalho sério e honesto.

A frase mais adequada, para quem amarga essa frustração, é de que se sentiu usado. Não pense o eleitor que isso acontece apenas com ele. Boa parte dos jornalistas, de vez em quando, cai nessa esparrela. A maioria dos políticos usa e abusa da imprensa, “vende” seu produto e, depois, não entrega.

Pode argumentar, também, que o cidadão está desprotegido em relação ao mau jornalista. É verdade. Este, entretanto, só age com a mediante a conivência dos patrões. Quem não tem caráter raramente se sustenta por décadas entre os bons profissionais nem tem o respeito dos demais. Esse ano da graça de 2013 é preparatório para o ano eleitoral e todos têm que estar prevenidos.

Há um desfile constante de falsos confrontos, “disse não disse” sobre vários assuntos, boas intenções que vão congestionar o inferno e por aí em diante. Os dissimulados se esgueiram entre as palavras e se contorcem para driblar a honestidade do cidadão comum e os bons predicados de quem informa.

Há semanas estamos acompanhando alguns “bate bocas” surgidos após as eleições municipais e todas essas declarações “bombásticas” têm apenas o objetivo de encher ou esvaziar a “bola” de alguém que está de olho no pleito do próximo ano. São detentores de espaços importantes tentando pavimentar ou obstruir os caminhos de quem também quer conquistar espaços importantes.

Lobos em pele de cordeiro é o que não falta em meio a essa selva de interesses difusos, de atitudes nem sempre bem esclarecidas, de pensamentos premeditadamente tortuosos para confundir quem lhes ouve, sempre preparando o bote fatal que é se eleger com voz mansa e pausada, escondendo o incêndio que consome interiormente.

É tênue demais a linha que separa a verdade da mentira. Um fio de cabelo é grosso demais para colocar essas duas coisas frente a frente. Muito antes de Elis Regina imortalizar sua voz com a frase “as aparências enganam” o consciente e observador eleitor brasileiro sabia disso muito bem.

O surpreendente, nisso, é que votantes e votados praticamente mantém o mesmo padrão de convivência. Uns fingem que querem se eleger para trabalho pelo bem do povo e outros fingem que votaram em alguém porque esse seria o melhor para o chamado “bem comum”. Os dois são mentirosos.

O que fazer diante desse quadro dantesco? Continuar punindo os que não cumprem os compromissos de campanha. Olhar e audição atentos no dia a dia de quem sai vitorioso das eleições é o mínimo que se pode apreender nesse emaranhado de informações. Separar o joio do trigo ainda é o melhor ensinamento bíblico em relação à política. E à imprensa, também.

SOLTANDO AMARRAS
Tudo indica que o Ministério Público estadual vem procurando se desvencilhar de amarras políticas. Nos últimos dias tem dado demonstrações de que não está tão alheio à realidade como muitos supõem. As investigações sobre os gastos da Granja Santana e problemas ambientais no rio Jaguaribe (em João Pessoa) são alguns passos. Falta atacar de frente outros problemas sociais, como o excessivo número de homicídios no bairro pessoense do Alto do Mateus e a omissão em relação aos assaltos nos ônibus na Capital. Não por coincidência, são temas que só interessam aos mais pobres.

NÃO EMPLACOU
O prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues (PSDB), não ficou bem no filme sobre as placas da administração de Veneziano que foram arrancadas. Denunciar erros de conduta de antecessores, no trato da coisa pública, é quase uma obrigação, mas a depredação do patrimônio municipal é querer corrigir um erro com outro. Se Romero não der um tranco rápido, um freio de arrumação, os prejuízos podem ser maiores do que qualquer incêndio em boates. 

PARA OS JURISTAS
E agora, senhores juristas, o que dizem da revelação de Armando Abílio de que Cássio Cunha Lima completará oito anos e três dias de cassado no dia das eleições de 2014, 5 de outubro? A declaração do presidente estadual do PTB reacende a fogueira que estava perdendo brasas nas discussões sobre o processo sucessório do próximo ano. É para causar arrepios em muita gente que dorme e acorda em função de mandatos e poderes.

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Não me metam em polêmicas sem futuro.