A advocacia é um ramo de trabalho tradicional, ainda mais em um estado pequeno como a Paraíba, mas nos últimos anos o número de advogados que trabalham em causas sociais só vem aumentando.
Arthur Ângelo é um jovem advogado , recifense, graduado na UFPB e que desde a sua formação na Universidade, se engaja em pautas sociais predominantemente na causa indígena e na luta pelo uso da maconha terapêutica. “Eu nasci e passei a infância no bairro de Afogados no Recife. Bairro de beira de Maré. Bairro pobre. Não esqueço de onde vim. Meu povo é o povo preto, indígena de morro e de comunidade. Meu povo são os trabalhadores. É para essas pessoas que movimento minha energia, pois é o que sou”.
A luta das famílias que necessitam do canabidiol, é algo que se arrasta há mais de 10 anos, aqui na Paraíba, a Abrace que é a Associação Brasileira de Apoio Cannabis Esperança, é uma das 5 entidades no país autorizadas a cultivar maconha para fins medicinais. Mais de 500 famílias só conseguem ter o direito de plantar a Cannabis em casa, através de Habeas Corpus concedidos pela Justiça, isso é uma amostra de como o uso medicinal da maconha continua a ser um tema polêmico mesmo com todas às vantagens do canabidiol muito bem elencadas por aqueles que a defendem, no caso do Doutor Arthur de forma jurídica.
“Meu interesse começou desde a época em que eu morava em uma comunidade tradicional do Recife, onde via a maconha funcionar como uma planta que trabalhava na grande redução de danos para os efeitos destruidores do álcool, crack, cigarro e outras substâncias tóxicas. Eu percebia o potencial da maconha para gerar boas histórias, risadas, nutrição e principalmente união”, “O interesse aumentou na UFPB, através do laboratório de pesquisa guiado pelo Professor Nelson Gomes Jr, ele e outros professores mostraram-me como o discurso de combate à maconha gerava um grande encarceramento de pobres, pretos e indígenas. Pessoas que na sua grande maioria não eram traficantes, mas sim usuários, Assim, no fim da graduação em direito, propus a descriminalização ou legalização da Cannabis como alternativa ao grande encarceramento do meu povo. Citei como exemplo a ser seguido, políticas já testadas nos EUA, Portugal e Uruguai. Formado, comecei a advogar dentro do movimento em prol da maconha terapêutica”.
Trabalhar com causas sociais, em um país que se mostra cada vez mais conservador como o Brasil, é um desafio, fazer isso em uma profissão tradicional como a advocacia é um feito, coisa que Arthur Ângelo tem com muito orgulho, mas que infelizmente o faz sofrer preconceito dos seus pares. “Com certeza já sofri tanto por apoiar a maconha terapêutica como também por ser indígena. Mas o propósito é muito grande e nós precisamos seguir em frente. Quem alimenta energias de preconceito termina tropeçando no próprio veneno e hipocrisia”.
Para o Doutor Arthur, o mais importante é a aceitação da sociedade, a maconha terapêutica é essencial para a melhora de vidas, e isso tem de deixar de ser um tabu, o mais rápido possível. “Como eu sempre falo, a polêmica deveria deixar de existir quando um senhor idoso portador do Parkinson consegue comer com colher ou uma criança com a neurodiversidade do autismo consegue alcançar uma noite de sono tranquila. Um bom exemplo para responder essa pergunta é o caso do General Villas Boas, portador de doença degenerativa tratável por cannabis que apoia a causa da maconha terapêutica. O General representa uma fatia importante da sociedade, que são os militares. A pergunta que eu gostaria que ressoasse no coração desses cidadãos é: Já refletiram como seria a vida dessas pessoas, como o General Villas Boas, que possuem alguma doença degenerativa, depressão, ansiedade, epilepsia ou alguma comorbidade e que não pudessem ter o tratamento adequado através da Maconha terapêutica, só por causa de preconceito?”
A discussão sobre a maconha medicinal é polêmica, com várias opiniões, que nem sempre tem embasamento científico, são pautadas por política e religião , mas isso tem de ser deixado de lado, o canabidiol é eficiente e essencial para a vida de pessoas com vários problemas de saúde sérios que necessitam do remédio, para conseguir levar a vida de uma forma mais tranquila. E graças a pessoas engajadas nessa luta como o Doutor Arthur, que são emissários das melhorias que às pessoas tem ao usar a maconha terapêutica, o canabidiol vai ser cada vez mais aceito na sociedade, deixando de ser tabu, para virar solução.
Fonte: Vitor Azevêdo
Créditos: Polêmica Paraíba