Intérprete de Rebeca em “Um lugar ao sol”, Andréa Beltrão está dando o que falar. Ao trazer temas como a menopausa, sexualidade na maturidade e crise no casamento, a personagem protagonizada pela atriz tem gerado burburinhos e provocações em uma sociedade cheia de tabus e preconceitos.
A cena em que Rebeca se masturba na cama foi uma das que mais gerou rebuliço nos últimos tempos. Muitas pessoas criticaram, e a própria atriz duvidou que a imagem seria exibida na novela das nove da Rede Globo. Mas foi. E para Andréa, gravar a cena foi “elegante e delicado”.
“Senti um respeito, não tive constrangimento. Levei esse livro para a gravação na primeira cena que fiz. Rebeca é uma mulher que lê, e quis colocá-lo. Não foi de caso pensado para essa cena, mas calhou. Foi demais, porque Sherazade é uma feminista imensa, salva muitas mulheres”, afirma a artista em entrevista exclusiva ao “O Globo”.
Na cena, ela lê “Mil e Uma Noites”, coletânea de contos árabes e um marco da literatura. Bem humorada, Andréa faz piada ao falar sobre as críticas que recebeu.
“Me mandaram pessoas dizendo ‘que absurdo uma mulher se masturbando na hora do jantar’. Bom, a gente não escolhe exatamente a hora que vai se masturbar, né? Cada mulher se masturba na hora que dá vontade nela”, diz.
A atriz também revela que acha “maravilhoso” poder abordar a menopausa na novela, um assunto que, para ela, é um tabu cuja discussão ficou bastante visível na pandemia.
“É maravilhoso poder falar. Na pandemia, ficou visível a discussão dos fios brancos crescendo, não dava para pintar cabelo, essas coisas que dão uma imagem ‘lux luxo’. Abriu um portão, tipo: ‘Por que a gente tem que? O que esperam das mulheres?’. É melhor não esperar nada, porque só vamos fazer o que tivermos a fim. Esse é o melhor lugar, o da liberdade, de sermos honestas com nosso desejo. Lícia [roteirista da novela], uma mulher de 50 anos, aproveitou bem o momento para colocar esses assuntos”, afirma.
Menopausa e sexualidade
Ela relata, ainda, como lidou com a menopausa quando aconteceu na sua vida. Segundo ela, foi tão “dramática” quanto a menstruação, porque “a vida muda”. “Senti saudade da menstruação. Tive calores, fogacho, fiquei meio doidinha.”
Ao “O Globo”, Andréa também diz que atualmente se acha muito bonita hoje, até mais do que antigamente. “Me olho no espelho e me acho tão bonita. Não penso “nossa, estou com 58 anos”, mas, ‘pô, estou legal hoje, essa roupa ficou boa’. Muitas vezes, me acho mais bonita hoje”, afirma a atriz.
Ao ser questionada se tem um relacionamento monogâmico com o marido, o editor de cinema Maurício Farias, Andréa responde que “acha que sim” e que não se acha “tão evoluída” para viver um casamento aberto.
“Acho que sim, não quero saber (risos). Acho um barato relação aberta, mas não sou tão evoluída. O preço é alto. Não é um acordo que tenho comigo, de sempre que tiver um casamento será assim. Já vivi vários, mais abertos, mais neuróticos. Não tenho medo do que possa acontecer. Está tudo aí, milhões de homens e mulheres interessantes, a gente não controla nada. Acontece que, nesse ofício, temos uma licença de estar com outro homem, outra mulher, beijar outras bocas. Claro, tô ali interpretando, mas a fantasia é bem alimentada”, relata.
A atriz confessa que nunca transou com uma mulher, mas que faria “numa boa se se apaixonasse por uma. “Já olhei e pensei: ‘Nossa, que mulher incrível’. Mas tenho muita fissura por homem, gosto da coisa física diferente. Também tenho semelhanças engraçadas, um lado masculino de que gosto”.
Andréa fala, ainda, sobre ter recorrido ao Narcóticos Anônimos, devido a um problema com álcool. “Ainda frequento o NA, voltei há três anos. Me ajudou muito. Minha análise também tratou desse assunto. Sou exagerada. Quero chupar a vida até o caroço, viver muito. Isso é bom e, às vezes, atrapalha. No caso do álcool, começou a ficar pesado o meu dia seguinte”, conta.
Fonte: Fórum
Créditos: Polêmica Paraíba