Análise:Parece que Cícero não compreendeu a lição deixada pelas urnas em 2012

Josival Pereira

Declarações do senador Cícero Lucena no programa Polêmica Paraíba (101 FM) desta sexta-feira e que ganharam repercussão na imprensa estadual ensejam algumas observações preliminares sobre as eleições de 2014. O tucano afirmou que é candidato à reeleição, e na chapa do senador Cássio Cunha Lima como candidato a governador. Ou seja, uma chapa quase que puramente tucana.

Pelo visto, Cícero não aprendeu a lição que as eleições para prefeito de João Pessoa deixaram.

O indicativo de 2012 é que há um processo de renovação da política paraibana que pode se completar e até se aprofundar em 2014. Assim, parece temerário se projetar chapas com base no passado ou assentada em desejos pessoais.

Não se questiona que o senador Cássio Cunha Lima seja a maior liderança individual no Estado do ponto de vista eleitoral. Mas essa condição talvez não mais garanta por si só vitória em pleitos majoritários. Veja-se o que ocorreu na Capital paraibana e outras cidades brasileiras.

Imagine-se o quadro: Cássio rompe com o governador Ricardo Coutinho e se lança candidato a governador com Cícero candidato a senador. Sobrará apenas a vaga de vice-governador. Qual a aliança, então, que a chapa tucana poderá montar tendo, do outro lado, Ricardo como candidato à reeleição e as vagas de senador e vice-governador para oferecer e Veneziano, candidato do PMDB, também com as vagas de vice-governador e senador para dispor na formação de sua aliança?

Pode ocorrer o que se passou com o próprio Cícero em João Pessoa: constituir uma aliança estreita, que dá para disputar, mas não assegura vitória.

E se PT, PP, PSC e outros aliados decidirem lançar candidato a governador? Terão também as vagas de vice-governador e de senador para oferecer em alianças e pode-se repetir mais ou menos o quadro da disputa para prefeito em João Pessoa, com quatro chapas e quase todas iguais em poder eleitoral. Deu no que deu: os grandes e mais antigos perderam.

Não se deve duvidar que a conjuntura das eleições municipais em João Pessoa, com o eleitorado tendente a renovar e a quebra da bipolarização política gerando equilíbrio na disputa, possa se repetir no Estado. Não se descarte que fatores determinantes nas eleições de 2012 se repetiam em 2014.

Lógico que numa conjuntura parecida com a da disputa eleitoral na Capital em 2012 todos ou quase todos têm chance.  Neste caso, Cássio entra com chance, mas sem o favoritismo que Cícero Lucena e alguns aliados imaginam.

Relembre-se ainda as disputas de 2002 e de 2006. Cássio venceu – uma em plena expansão de sua liderança e outra já no governo -, mas com maiorias irrisórias.

Não que o senador Cássio Cunha Lima não possa catalisar uma disputa eleitoral para governador e se sagrar vitorioso com grande votação. Pode, mas também existem sérios riscos. Talvez não seja possível uma comparação de Cássio com o ex-governador José Maranhão, mas o Brasil está repleto de exemplos de lideranças que pareciam imbatíveis nas urnas e acabaram derrotados por se achar donos da vontade do eleitor ou avaliar mal o movimento do trem da história.

Se Cícero não estiver blefando, pode estar avaliando a conjuntura política da Paraíba com olhos do passado, com o coração ou contando fatores de riscos como positivos. Se estiver falando a verdade, pode jogar o amigo Cássio numa tremenda fogueira. Mui amigo, então.

Do Blog com Tambaú247